foto-Crédito: 2.bp.blogspot
Não é de hoje que muitos que se dizem comunistas, no afã de um pragmatismo destrutivo e inaceitável, traem seus princípios manchando indelevelmente sua biografia. Há muitos exemplos de tão condenável fenômeno que abusadamente leva grande parte da humanidade ao descrédito com relação a certos modelos de democracia representativa.
Certa ocasião ao me deparar com uma das produções de Jorge Amado, refiro-me a trilogia os Subterrâneos da Liberdade, onde, se não me engano em “Agonia da Noite”, o eminente escritor ao se referir a um comunista observou: (...) não resta dúvidas que esses "bravos idealistas" são diferentes (..) “um cavalo é um cavalo, um comunista é um homem diferente de todos os demais”. É, acho que era alguma coisa por aí, ou nesse sentido. Já faz muito tempo. Jorge Amado ressaltava o amor e o respeito que os comunistas dedicavam aos idéias de liberdade e à democracia como ninguém, na face da terra, o fazia. Era algo, como asseverava ele, belo e ao mesmo tempo intrigante.
O episódio que envolveu o deputado Aldo Rebelo, quando da elaboração do projeto de lei do código florestal serviu para demonstrar, com as devidas proporções, alguns indícios de alteração de concepções , se não doses muito elevadas de um tipo de pragmatismo distante do campo da esquerda ideológica cujos resultados imediatos podem ser preocupantes e imprevisíveis. Algo em tudo isso parece não estar, de todo, correto. É, Aldo Rebelo não é mais o mesmo.
Tudo isso também me leva, de imediato, a recordar-me das intermináveis conversas que o meu tio, que a propósito foi militante do PCB , foi preso e sofreu as conseqüências de um cárcere fascista, travava com seus parceiros de diálogo quando o assunto era Política Nacional e eu, ouvindo tudo a espreita, acompanhava e guardava algumas de suas mordentes colocações. Numa certa ocasião ele, ao citar e se referir as atuações de Aldo Rebelo, isso no início de suas carreira política, exaltava o comportamento e as defesas do deputado com relação as questões da terra .
Noutras ocasiões sempre que as circunstâncias assim permitissem, lá estava ele citando o corajoso deputado Rebelo que, como fazia questão de proclamar ele, sempre havia merecido o seu voto.
Tenho a certeza que ele, refiro-me ao meu tio, se estivesse ainda entre nós, com aquelas análises de conjuntura tão precisas, que o acompanhavam, ele se decepcionaria profundamente com o “comunista” Aldo Rebelo. É, não tenho dúvidas disso!
As imagens da foto, sem dúvida alguma, dizem mais do que seja mister. Isso me faz lembrar aquele paciente que estando no médico e este acabara de diagnosticar um quadro de alcoolismo. “ Mas eu sou abstêmio doutor, sempre fui”- observa ele atônito- O médico olha para o paciente e dispara a pergunta: “onde é que o senhor trabalha?” Numa cervejaria, foi a resposta. “Ah! Então o senhor absorveu álcool pelos poros”, foi a resposta do médico!
O caso do deputado Aldo Rebelo, nesse novo episódio da mudança da lei da Anistia, não há como se ter outra interpretação, foi mais um vexame desses. Uma derrocada somada a inexplicabilidade. Uma vergonha. Simplex Veri Sigillum. Rebelo perdeu toda a sua simplicidade e não está mais com a verdade! Veja a matéria abaixo do PCB.
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(Nota Política do PCB)
O partido “comunista” do Brasil passou dos limites, em sua tarefa de desmoralizar a palavra COMUNISTA e confundir as massas.
Iludem-se os que pensam que esse partido vai mudar de nome, só porque já não o merece. A palavra COMUNISTA, no nome deste partido, é funcional aos que dela se aproveitam para tentar legitimar os interesses do capital com uma máscara cada vez mais desbotada.
Como se não bastasse esse partido presidir os leilões do nosso petróleo; como se não bastasse elaborar um novo Código Florestal para servir aos interesses do agronegócio; como se não bastasse comandar eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas na lógica de capturar mais ainda o esporte como mercadoria capitalista, afastar o povo dos estádios, expulsar as comunidades pobres dos locais onde passarão os turistas estrangeiros; como se não bastasse tudo isso e mais as coligações espúrias na lógica da fome de cargos e de dinheiro a qualquer custo, o chamado PcdoB acaba de renegar sua própria história e seus próprios heróis.
Na semana passada, o deputado “comunista” Aldo Rebelo, depois de ter perdido a eleição para o “progressista” cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União (apoiado pela direita e os ruralistas), ultrapassou todos os limites da decência e da dignidade. Na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, votou com o sinistro fascista Jair Bolsonaro contra o projeto da Deputada Luiza Erundina, que defendia a revisão da Lei da Anistia, de forma que fossem julgados os militares que torturaram e assassinaram militantes que lutaram contra a ditadura, inclusive dezenas de valorosos ex-membros de seu próprio partido.
Para não perder cargos no governo, o partido comunista de mentira quer esconder a verdade sobre a ditadura.
Temos, no PCB, muitas divergências com o PCdoB, fundado em 18 de fevereiro de 1962, inclusive em relação à Guerrilha do Araguaia, que consideramos um grande erro por tentar transpor mecanicamente para o Brasil uma forma de luta que foi adequada à realidade chinesa, uma receita de revolução do campo para a cidade, quando a classe operária urbana já tinha importante protagonismo em nosso país, acentuando a contradição entre o capital e o trabalho. Mas os heróis do Araguaia merecem a homenagem do PCB. Eram verdadeiros COMUNISTAS.
Aldo não é um deputado avulso; vota no que determina seu partido. Votando no parecer de um deputado do DEM e não na emenda de Luiza Erundina, o partido de Aldo poderia até não se envergonhar por perdoar os assassinos de seus heróis, mas não tinha o direito de absolver os assassinos de todos os outros militantes torturados e desaparecidos na ditadura, como os do PCB e de outras organizações revolucionárias que, com formas de luta diferentes, enfrentaram a ditadura burguesa-militar que assolou nosso país.
Reparem na triste foto que aqui exibimos, que fala mais do que estas palavras. Reparem como o esguio deputado “comunista” se apequena, se encolhe, se esconde, exatamente quando Luiza Erundina argumenta que a mudança da Lei de Anistia é um imperativo de sentença da Comissão Interamericana de Direitos Humanos que - julgando processo instaurado exatamente por familiares dos heróis do partido de Aldo - considerou o Estado Brasileiro responsável pelo desaparecimento dos militantes do Araguaia, movimento que o atual pcdob tratava até recentemente como o feito mais glorioso do PCdoB original e a própria razão de sua criação.
Repudiamos a ignomínia desse deputado e de seu partido que se diz comunista. Não descansaremos enquanto não descobrirmos a verdade e fizermos justiça em relação à tortura e o desaparecimento dos heróis do povo brasileiro, inclusive dos que foram enterrados pela segunda vez, agora por seu próprio partido.
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional – outubro de 2011
Frei Betto: Fidel, líder exemplar
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Magnânimo e imponente
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