Estados Unidos – Diario liberdade
- Um novo estudo aponta que apenas 90 empresas poderão ser responsáveis por
causar dois terços das emissões de gases do efeito de estufa, ligadas ao
aquecimento global e às mudanças climáticas.
Um novo estudo do Instituto de
Responsabilidade Climática do Colorado (EUA) sugere que apenas 90 empresas são
responsáveis por causar dois terços, ou 66%, das emissões de gases do efeito de
estufa (GEEs) ligadas ao aquecimento global e às mudanças climáticas recentes.
Segundo o levantamento, publicado
no periódico Climatic Change, entre essas companhias estão 50 empresas
privadas, como a Chevron, a Exxon e a BP, 31 estatais, como a árabe Saudi
Aramco, a russa Gazprom e a norueguesa Statoil, e nove governamentais,
localizadas principalmente na China, União Soviética, Coreia do Norte e
Polónia.
Os autores afirmam que a grande
maioria das companhias presentes nessa lista está em setores ligados à produção
de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão. "Há milhares de
produtores de petróleo, gás e carvão no mundo. Mas os decisores, os CEOs ou os
ministros de carvão e petróleo [...] poderiam todos caber em um autocarro ou
dois", disse Richard Heede, cientista climático e principal autor da
investigação, ao jornal The Guardian.
De acordo com a análise, muitas
das firmas listadas possuem enormes reservas de combustível fóssil que, se
consumidas, exporiam o mundo a riscos ainda maiores de mudanças climáticas. O
ex-vice-presidente dos EUA e ambientalista Al Gore elogiou o documento.
"Esse estudo é um passo à
frente essencial no nosso entendimento da evolução da crise climática. Os
setores público e privado devem fazer o que é necessário para parar o
aquecimento global. Os que são historicamente responsáveis por poluir a nossa
atmosfera têm uma obrigação clara de ser parte da solução", observou Gore.
A investigação aponta que metade
dessas emissões foi produzida desde 1986, isto é, depois que os governos e
empresas se tornaram cientes do aumento da libertação de GEEs proveniente da
queima de combustíveis fósseis, e de que estes GEEs ajudam a potencializar as
mudanças climáticas.
O estudo indica também que as 90
companhias da lista produziram entre 1854 e 2010 cerca de 914 gigatoneladas de
emissões de CO2, ou 63% das emissões globais cumulativas de dióxido de carbono
industrial e metano. Foram 315 gigatoneladas produzidas pelas empresas
privadas, 288 pelas estatais e 312 pelas governamentais. Além disso, 30% de
toda a libertação de CO2 foi produzida por apenas 20 das maiores poluidoras.
Os dados mostram que as firmas
governamentais de petróleo e carvão na ex-União Soviética produziram mais
emissões de gases do efeito de estufa do que as de qualquer outro país, com
8,9%. Em segundo lugar vêm as empresas governamentais da China, com 8,6% da
libertação.
Já a Chevron foi a maior emissora
no quesito de companhias privadas, com 3,5% da libertação de GEEs, seguida pela
Exxon, com 3,2%, e pela BP, com 2,5%. Os dados de emissões históricas foram
coletados do Centro de Informação e Análise de Dióxido de Carbono, que leva em
conta a libertação de CO2 de toda a cadeia de suprimentos.
Naomi Oreskes, professora de
história da ciência de Harvard, comentou que é interessante notar que muitos
dos maiores emissores pertencem a movimentos de ceticismo climático. "Para
mim, uma das coisas mais interessantes para se pensar é a coincidência entre
produtores de grande escala e o financiamento de campanhas de desinformação, e
como isso tem atrasado a ação."
Especialistas acreditam que as
descobertas são importantes para identificar de que países vêm as emissões.
"Parece que talvez isso possa acabar com o impasse. Há todos os tipos de
países que produziram uma grande quantidade de emissões históricas que
normalmente não falamos. Normalmente não falamos do México ou Polónia ou
Venezuela. Então não é apenas rico versus pobre, é também produtores versus
consumidores, e rico em recursos versus pobre em recursos", acrescentou
Oreskes.
Fonte: Diario liberdade e Esquerda.net
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