Em tempos de manifestações em prol de
direitos históricos, muitos
desses, sabemos, escandalosamente
claros e axiomaticamente inquestionáveis, é
necessário que sejamos menos oblíquos em nossas análises
sobre fatos e feitos antigos. O direito a liberdade e a
dignidade assaltado das massas pelos “poderosos”, é uma delas.
Lendo a matéria que segue, reportei, ainda que
superficialmente, a luta que os
trabalhadores travam pelo mundo
contra seus algozes, muitos desses
identificados. A luta de professores e de outros profissionais se enquadra nesse contexto da mesma forma que
a luta
dos corajosos revolucionários das FARC
contra governos fantoches
sustentados por grupos e instituições
seculares e não menos criminosas. A luta
das FARC prossegue firme e,
infelizmente, boicotada pelos grandes
veículos de Comunicação. Bem, isso não poderia ser diferente. Aqueles que se dedicam
aos ideais de liberdade sempre pagaram um elevado preço pela sua concepção de mundo e humanismo. São estes que
se lançam, sem medo, contra o status quo, seus beneficiários e criminosos que assaltaram
o Estado. O que se vê na Colômbia hoje
vai de encontro a isso.
A história do povo colombiano não será a mesma depois das FARC. Pela primeira vez essa está sendo assentada em suas bases
reais, não como uma narrativa de conflitos, baixas, enfim, guerras e pazes. Alguma coisa mais dialética está em desenvolvimento. Aquela perspectiva de genealogias régias e econômicas
com datas soltas em consonância
com governos criminosos não cabem mais. A suprema e “revelada”
interpretação da história legada pelos textos
religiosos em harmonia com os desejos e vontades dos “criminosos” históricos
que, há séculos, detém os Meios
de Produção, não tem, como foi dito,
lugar na história desse país da América do Sul.
A luta dos que se dedicam aos ideais revolucionários
é corajosa e penosa.
Ela Impressiona. Ela é dignificante. Infelizmente de difícil
visibilidade para muitos devido, ao poderoso controle da produção
cultural, então realizada pelos capitalistas sobre todos aqueles que tentam
desnudá-los. Os beneficiários desse sistema
sórdido sabem disso e não
cessam com seus
ardis. Na verdade sempre estão em
busca de aperfeiçoá-los. É necessário, para derrota-los, desembaraçar-nos dos ensaios
ineptos, embora hegemônicos, que eles possuem e buscar novas perspectivas. É bem verdade que não há passe de magia ou conjuro que possa metamorfosear o mundo . Todavia, como disse alguém muito recentemente, “ Mudando os Modos de Produção a sociedade
muda suas relações sociais”. Com tal
assertiva, certamente, a verdade virá avassaladora e revolucionária. A matéria que segue nos
sugere tal reflexão.
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LBI-O facínora Juan Manuel Santos,
atual presidente da Colômbia, declarou nesta quarta-feira (9/10) que irá
incrementar a ofensiva contra as Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia
(FARC). Uma operação de guerra arquitetada desde as salas acarpetadas do Pentágono
que está mobilizando uma “força tarefa” que congrega mais de 50 mil homens
treinados para atacar os acampamentos das FARC na zona mais oriental e o sul da
Colômbia, onde a guerrilha está atuante e concentrada. Santos anunciou para
tanto a criação de um novo comando, chamado “Espada de Honor 2”.
Esta ofensiva acontece
precisamente após os massivos protestos camponeses, contra os tratados de
“livre comércio” impostos pelo imperialismo ianque, que sacudiram o país há
cerca de dois meses, quando Santos praticamente militarizou a capital Bogotá e
outros importantes centros urbanos para assim reprimir várias passeatas de
apoio aos agricultores pobres: trabalhadores, estudantes e servidores públicos
ocuparam a Praça Simón Bolívar no centro histórico da capital em solidariedade
à luta camponesa. A repressão foi brutal, a tal ponto que provocou uma crise no
governo quando dezesseis membros do gabinete de Santos renunciaram.
Os protestos, bloqueios de rua e
estradas estavam ameaçando a reeleição do atual governo, cujo fascista ministro
de Defesa Juan Carlos Pinzón, como não poderia deixar de ser, acusou as FARC de
estarem por trás das manifestações populares. A extrema-direita, encabeçada
pelo ex-presidente narcotraficante Álvaro Uribe e um setor da burguesia colombiana
exigiram que Santos agisse com mão de ferro a fim de impor medidas duras para
conter o movimento “Marcha Patriótica” e as radicalizadas manifestações de
massas no campo e na cidade. É neste contexto de recrudescimento do regime que
o chacal Santos deseja se credenciar perante a burguesia e o imperialismo para
levar adiante seu segundo mandato presidencial, cujas eleições estão previstas
para maio do ano que vem.
Este operativo de guerra acontece
paradoxalmente enquanto são levados adiante os famigerados “acordos de paz” (de
cemitério) entre a guerrilha e o governo pró-imperialista de Santos,
cretinamente apoiados pela esquerda mundial. No entanto, só um lado vem
cumprindo com os “acordos” e vem desgraçadamente pagando por esta decisão:
dezenas de guerrilheiros já foram covardemente assassinados (muitos executados
sumariamente), vários colocados nos cárceres em condições subumanas... Ou seja,
um cessar-fogo jamais foi colocado à mesa por parte do governo no correr das
“negociações”. As “negociações de paz” são na realidade uma grande farsa
montada para desarmar e eliminar fisicamente a guerrilha, uma vez que ao regime
político narcotraficante colombiano não interessa nem sequer a conversão em
partido político das FARC, apenas a sua completa extinção, muito embora a
direção da guerrilha acredite na possibilidade de “legalização”.
As dezenas de guerrilheiros mortos são a
demonstração cabal de que a Casa Branca está por trás desta nova ofensiva
contra as FARC, como parte integrante de uma ofensiva global do imperialismo
contra as forças políticas e regimes que se opõem a seus interesses de
rapinagem colonialista, a exemplo da destruição da Líbia, da preparação da
intervenção militar na Síria e futuramente no Irã.
O atual mandatário da Casa de
Nariño (Palácio presidencial em Bogotá) vem recrudescendo o regime político em
resposta às críticas que Uribe e setores das FFAA vinham fazendo a seu governo,
que estaria cedendo às “imposições” das FARC nas rodadas de negociações
realizadas em Havana. Uribe, ao lado das mais retrógradas oligarquias
colombianas e do exército (este diretamente controlado pelo Pentágono) aspira
capitalizar eleitoralmente o desgaste político de Santos diante das crises
sociais que abalam o país. Em resposta, Santos persegue implacavelmente a
guerrilha, assassinando mais de 150 companheiros em ataques a acampamentos das
FARC e do ELN, mesmo porque nos próximos dias a classe dominante deve decidir
sobre seu candidato preferencial à presidência e em novembro findam-se as
rodadas de “negociações” que devem garantir a reeleição de Santos.
Aproveitando-se do cessar-fogo unilateral da
guerrilha, o chacal Santos vem sistematicamente ordenando sangrentos massacres
de acampamentos das FARC em várias regiões do país. Em entrevista ao jornal
colombiano El Tiempo (10/10), Santos ameaça sem meios termos a guerrilha: “Com
a ofensiva no sul do país, cujo principal objetivo é desmantelar os blocos sul
e leste das FARC e da luta como ‘alvos de alto valor’ dos comandantes Carlos
Antonio Lozada, Romana, Fabian Ramirez, o ‘Paisa’ e ‘Joaquín Gómez’”. Como se
poder ver, o objetivo da operação é eliminar o alto comando da guerrilha.
O regime narcotraficante a
serviço do imperialismo ianque aperta o cerco à guerrilha. Diante da maior
fragilidade em que se encontram as FARC, os marxistas revolucionários se
colocam incondicionalmente ao lado da guerrilha face a qualquer ataque militar
levado a cabo pela Casa Branca e seu títere Santos. Concomitantemente, no
entanto, é necessário apontarmos os limites programáticos da estratégia
reformista da direção das FARC que se baliza pela política de reconciliação
nacional com a burguesia e nas ilusões na democracia dos ricos. A única forma
de honrar os milhares de guerrilheiros que tombaram nestes 50 anos de luta e
seus comandantes mais destacados como Afonso Cano, Manuel Marulanda, Mono
Jojoy, Guillermo Pequeño, que morreram heroicamente em combate contra o regime
de exploração, é defender a alternativa programática da estratégia da revolução
socialista que liquide o Estado capitalista e suas marionetes, como Santos, sem
tecer a menor ilusão no regime democrático burguês.
Fonte LBI
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