Brasil - Diário Liberdade - Nos protestos de dia 11 enfrentaram-se
dois interesses contrários: o dos governistas, que tencionam acalmar a tensão
social e pôr sob seu controle os protestos, e de entidades de classe, que
tentarão impulsar o protesto para patamares sólidos em favor das classes
trabalhadoras. Entretanto, pautas da Globo e nacionalistas reacionárias ficaram
em casa.
O dia 11 de julho foi definido
pelas centrais sindicais – CSP-Conlutas, Força Sindical, CUT, CTB, UGT, NCST,
CGTB, CSB – como um dia de greves, paralisações e manifestações de rua em
diferentes âmbitos. Os Estados em que a adesão à jornada de paralisação foi
maior foram Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Pernambuco.
A jornada de mobilização, apesar
das suas carências, era impensável faz algumas semanas em um Brasil em pleno
momento protagonista no cenário capitalista global. A pauta das mobilizações
que decorreram incluiu aumento de investimento em segurança, educação e saúde
pública, reivindicações trabalhistas (redução da jornada de trabalho e fim do
fator previdenciário), reajuste digno para aposentadas e aposentados, fim do
projeto de Lei 4330 que amplia a terceirização, fim dos leilões de petróleo e
retomada da reforma agrária.
Os transportes, junto com a
indústria, educação e mesmo portos, foram as categorias que mais pararam ao
longo do país. Em BH, metrô fechou na noite de quarta feira para não abrir até
sexta. Ainda, com serviços de transporte rodoviário totalmente paralisados em
cidades como Vera Cruz (RS), entre outras, aulas foram diretamente suspendidas
ou não puderam acontecer, graças à adesão à jornada de greve de professores e
professoras de diferentes níveis. Na indústria pararam importantes centros,
como a fábrica da General Motors em São José dos Campos.
A maior parte das grandes cidades
tiveram protestos ao longo da tarde, como no caso do Rio de Janeiro, onde a
manifestação terminou com violência após ataques da PM. Em Brasília, São Paulo,
Belo Horizonte ou no próprio Rio de Janeiro, entre outras cidades, foram milhares
a responder a convocação. Na capital paulista, onde 7.000 pessoas (segundo a
PM) protestaram no início da tarde, permanece cercado o edifício da Rede Globo.
Confrontos no Rio de Janeiro
Já no início da passeata
policiais agiram violentamente contra manifestantes, usando inclusive spray de
pimenta. Era apenas um prelúdio de como terminaria o protesto na cidade.
Caveirões, cassetetes e, em geral, toda classe de intervenções violentas
decorreram ao longo de várias horas nas ruas do centro carioca. A mídia Ninja
acompanhou ao vivo os confrontos e protestos no Rio de Janeiro. A crónica pode se visualizar aqui:
Porto de Santos, o maior da América Latina, paralisado
O protesto da categoria dos
estivadores conseguiu bloquear no início da manhã o porto de Santos (SP), o
maior da América Latina e um dos maiores do mundo. O secretário do Sindicato
dos Estivadores de Santos, São Vicente, do Guarujá e de Cubatão, César
Rodrigues Alves, informou a Agência Brasil que a manifestação contou com cerca
de 300 pessoas. Segundo ele, a categoria reivindica que a Empresa Brasileira de
Terminais Portuários (Embraport) volte a contratar os trabalhadores por
produção, por meio do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), e não com vínculo
empregatício.
Operações só foram parcialmente
retomadas por volta das 13h00, mas ações diretas de protesto continuam agora.
No início da tarde, centenas de trabalhadores e trabalhadoras tomaram um navio,
com o intuito de permanecer nele até sexta (12/07).
Cortes rodoviários e ocupações
O início da jornada de lutas foi
protagonizado por numerosos cortes em algumas rodovias principais na áreas
metropolitanas de São Paulo e o Rio de Janeiro. Diferentes linhas de
transportes foram suspensas ou ficaram fora de funcionamento por causa dessas iniciativas
de trabalhadores e trabalhadoras em luta por seus direitos. Nas intervenções
nas rodovias foram construidas barricadas, com pneus e outros materiais, que
depois foram incendiadas.
Além dos cortes viários,
aconteceram outras ações diretas, como a ocupação do edifício do Incra em
Brasília por militantes do MST, que reivindicaram a retomada da reforma
agrária, chave para diferentes movimentos sociais brasileiros.
Sabotagens e ataques do regime
Além da desmobilização com
recurso às próprias forças convocantes, como a CUT, foram empreendidas ações
legais para garantir a normalidade do regime burguês. Assim, no Rio de Janeiro,
por decisão liminar da 'justiça', o metrô teve que assegurar 100% das
frequências em horas pico e 70% no resto. Finalmente, a categoria desconvocou a
mobilização. Em Belo Horizonte, no entanto, metrô não funciona desde a
madrugada de dia 11 e só abrirá na manhã da sexta (12), apesar de ameaças de
multas de até 5.000 R$ por dia caso não forem respeitados serviços mínimos. Os
cortes rodoviários também receberam resposta do aparelho de justiça encarregado
de manter a ordem de poderos@s e oprimid@s no Brasil, e impôs liminar que proíbe
bloqueio de rodovias federais em SP.
Entre as centrais convocantes dos
protestos estava a governista CUT, quem terá aderido o protesto com a esperança
de acalmar os protestos que desde junho tomaram as ruas brasileiras. Nessa
linha, foram referidas sabotagens da própria CUT em diferentes cidades e
categorias, onde a burocracia dirigente terá passado por cima das bases, que
quiseram parar. É o caso dos bancários em Recife e em SP, por exemplo. A
central sindical governista já conseguira, previamente, deitar fora das
reivindicações o 'Fora, Dilma!' ou quaisquer críticas duras contra a presidenta
que é braço político do capital no Planalto.
Sindicatos de classe em difícil
contexto e críticas de esquerda
A difícil convergência de
sindicatos de classe, como a CSP-Conlutas, com sindicatos 'chapa branca' neste
protesto obrigou estas entidades a extremarem a defesa das suas pautas
classistas, sob risco de serem engolidas pelo aparelho dos sindicatos
governistas e do próprio PT, que ditou ordens diretas para aproveitar protestos
para promover o plebiscito com que Dilma Rouseff tenta acalmar os levantes
populares das últimas semanas. As descaradas manobras cutistas para
desvalorizar a jornada de lutas ocasionaram duras críticas vindas da esquerda.
fonte: site Diario Liberdade
fonte: site Diario Liberdade
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