Chama-se PRISM o programa iniciado pela administração Bush e renovado por Obama para espiar o conteúdo das comunicações através da internet. Microsoft, Apple, Google, Facebook, Youtube e Skype são algumas das empresas envolvidas neste “big brother” à escala global.
Foto Mike
Licht/Flickr
Ao contrário do que acontece no
escândalo conhecido esta semana com a maior empresa de comunicações via
telemóvel nos EUA, a Verizon, que dá acesso aos espiões norte-americanos
ao registo das chamadas feitas e recebidas mas sem o conteúdo das conversas, o
programa PRISM mostra o conteúdo dos emails e o histórico de navegação na
internet.
Segundo o diário britânico
Guardian, o pontapé de saída do programa PRISM foi dado em 2007, com a
Microsoft (que detém o servidor de correio Hotmail) a aderir em novembro. Três
meses depois foi a vez da Yahoo e no início de 2009 a Google, proprietária do
Gmail. No ano seguinte foi a vez do Youtube, outro produto da Google e em 2011
entraram no PRISM a empresa de vidochamadas Skype e a AOL. A Apple foi a última
gigante da internet a aderir, em outubro do ano passado.
O programa dá acesso direto aos
servidores destas empresas por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA), o
que é uma alteração substancial em relação à prática legal de entrega dos dados
e comunicações dos utilizadores quando são requeridas pela justiça
norte-americana.
A lei de vigilância
norte-americana, alterada após os atentados de 11 de setembro, permite à
agência de segurança obter o conteúdo das comunicações dos clientes destas
empresas que vivem fora dos EUA e dos norte-americanos que comunicam com
pessoas fora do país. Na prática, segundo o documento da NSA obtido pelo
Guardian com data do mês passado, os espiões têm acesso ao conteúdo dos emails
e dos chats de vídeo e voz, às fotografias, vídeos e outra informação que
esteja alojada nos servidores das empresas, transferência de ficheiros e também
à informação sobre a hora em que o utilizador entra e sai desses populares
programas de comunicação online.
A proporção do escândalo é
colossal: muitos milhões de cidadãos em todo o mundo podem ver as suas
comunicações recolhidas pela espionagem norte-americana sem necessidade de um
pedido a qualquer entidade judicial. Em vez de ficar à espera de respostas aos
pedidos de mandato, que envolviam a confirmação de que todos os envolvidos
estavam fora dos EUA, neste momento apenas é necessária a suspeita de que uma
das partes está fora do país para avançar com a recolha de dados.
Os resultados estão à vista no
relatório da NSA, com o número de comunicações intercetadas no Skype a aumentar
248% no ano passado, 131% no Facebook e 63% na Google. O documento indica ainda
que a próxima empresa a entrar será a Dropbox, que oferece alojamento para os
ficheiros dos utilizadores. Ao todo, a NSA admite ter produzido no ano passado
mais de dois mil relatórios por mês ao abrigo do PRISM, um aumento de 27% em
relação a 2011.
Para Janet Jaffer, da
organização de defesa das liberdades civis ACLU, a situação revelada é
“chocante”, já que a NSA faz parte do aparelho militar e tem um acesso inédito
às comunicações entre civis. “Trata-se de uma militarização sem precedentes da
nossa infraestrutura de comunicações”, refere Jaffer, dizendo que isso é
“profundamente perturbador para quem se preocupa com a separação” entre
militares e a população civil.
Uma fonte da administração
Obama reagiu às revelações do Guardian e do Washington Post, garantindo que a
lei não permite a recolha dessas informações a nenhum cidadão norte-americano
ou a viver nos EUA. “A informação reunida no âmbito deste programa é das mais
importantes e valiosas” e “é usada para defender o país de um grande número de
ameaças”, refere a Casa Branca em defesa do PRISM. Quanto ao silêncio acerca
deste programa criado com cobertura política, o Washington Post escreve que “os
membros do Congresso que conheciam o programa estavam obrigados por juramento a
não revelar a sua existência”.
Fonte: http://www.esquerda.net/artigo/espionagem-americana-tem-acesso-livre-aos-dados-dos-utilizadores-da-internet/28153 e Desacato.info
Nenhum comentário:
Postar um comentário