Uma das investigações mais
abrangentes já realizadas na Antártida sobre plataformas de gelo revelou que o
derretimento dessas plataformas é causado principalmente pelo aquecimento das
águas dos oceanos, e não pelo desprendimento delas dos mantos de gelo. Por
Jéssica Lipinski do Instituto CarbonoBrasil
Na última semana, uma das investigações mais
abrangentes já realizadas na Antártida sobre plataformas de gelo – grandes
extensões de gelo flutuantes formadas a partir da continuidade dos mantos
glaciais (gelo terrestre)– revelou que o derretimento dessas plataformas é
causado principalmente pelo aquecimento das águas dos oceanos, e não pelo
desprendimento delas dos mantos de gelo.
Os cientistas já sabiam que o derretimento
basal – que ocorre onde o gelo e a superfície oceânica se encontram – ocorria,
mas acreditavam que ele era apenas um dos coadjuvantes no derretimento das
plataformas de gelo, que circundam 75% da superfície da Antártida.
Entretanto, o novo estudo sugere que o
derretimento basal foi responsável por 55% do derretimento das plataformas de
gelo entre 2003 e 2008, uma percentagem muito maior do que o estimado
anteriormente.
“A visão tradicional da perda de massa
antártica é de que ela é quase completamente controlada pela libertação de
icebergs. O nosso estudo mostra que o derretimento por debaixo, pelas águas
oceânicas, é maior, e isso deve mudar a nossa perspetiva sobre a evolução dos
mantos glaciais num clima mais quente”, sustentou Eric Rignot, do Laboratório
de Propulsão a Jato da NASA e da Universidade da Califórnia e principal autor
da investigação.
Segundo a análise, as plataformas de gelo da
Antártida perderam, no total, 1,3 triliões de quilos de gelo por ano entre 2003
e 2008 através do derretimento basal. Já o desprendimento de icebergs foi
responsável pela perda de 1,08 triliões de quilos de massa a cada ano nesse
mesmo período.
Os investigadores também descobriram que os
maiores contribuintes dessa perda não são as grandes plataformas de gelo, mas
sim as pequenas. De acordo com o estudo, as quatro maiores, que somam 61% das
plataformas antárticas, são responsáveis por 15% do derretimento.
Rignot explicou que essas descobertas são
importantes pois poderão ajudar a prever como o gelo continental deve
comportar-se com o aquecimento global e como deve contribuir para a elevação do
nível do mar, já que as plataformas de gelo são alimentadas pelos mantos
glaciais, e, quanto mais derretem, mais rápido é o fluxo de gelo e neve do
continente para os oceanos.
Nesse sentido, Rignot observou que os dados
obtidos devem servir como um alerta, já que indicam que as plataformas de gelo
estão a perder massa duas vezes mais rapidamente do que os mantos de gelo. Em
média, as plataformas de gelo estão a diminuir 50 centímetros por ano, mas há
algumas que chegam a perder 100 metros anualmente, colocou o cientista.
“O derretimento das plataformas de gelo não
significa necessariamente que as plataformas estão a diminuir; isso pode ser
compensado pelo fluxo de gelo do continente. Mas numa série de lugares na
Antártida, as plataformas de gelo estão a derreter rapidamente demais, e uma
consequência disso é que as geleiras e todo o continente estão a mudar também”,
comentou ele.
Citação: Ice Shelf Melting Around Antarctica DOI:
10.1126/science.1235798
Artigo de Jéssica Lipinskido
Instituto CarbonoBrasil
fonte: site esquerda.net
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