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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Bolívia O que está por trás da nacionalização do setor elétrico?



 PCO- A nacionalização de quatro filiais de Iberdrola colocou o setor sob o controle do estado boliviano. Por trás encontra-se o sucateamento dos serviços públicos privatizados e o aumento do confronto com as massas populares


No dia 29 de dezembro, o governo Evo Morales anunciou a nacionalização de quatro filiais da empresa espanhola Iberdrola - Electropaz, Elfeo de Oruro, Cadeb (Compañía Administradora de Empresas Bolivia) e Edeser.

O motivo alegado foi que cobravam mais do dobro nas tarifas dos consumidores das regiões rurais, o que teria levado à formação de pequenas cooperativas e empresas rurais que funcionavam precariamente. No mês de maio, o governo tinha nacionalizado a empresa Transportadora de Electricidad, filial da Red Eléctrica de Espanha.

Por trás da multinacional espanhola encontram-se grandes capitais financeiros norte-americanos como a General Electric Capital, Mission Funding, Structure Finance e o Banco Santander, este último propriedade da família real britânica que o controla por meio do Grupo Alpha.

Agora, todos os serviços de energia elétrica serão controlados pelo estado, mediante a Empresa Nacional de Eletricidade, desde a geração até a distribuição. O governo pretende reduzir as tarifas pela metade.

Também foram nacionalizadas aproximadamente 15 empresas dos setores de hidrocarbonetos, cimento e minas desde 2006, que tinham sido entregues aos capitalistas em processos altamente fraudulentos durante o auge do neoliberalismo na década de 1990. No caso de Iberdrola, a novidade é que a nacionalização aconteceu numa empresa que nunca tinha sido estatal.

O que impulsionou a nacionalização de Iberdrola?

A pressão dos movimentos populares também tem aumentado sobre os governos nacionalistas. O governo Evo Morales enfrentou os protestos dos profissionais da saúde contra a tentativa de aumentar os salários por baixo da inflação e incrementar a carga horária dos médicos e enfermeiros. O enfrentamento com os trabalhadores mineiros e a negativa de nacionalizar a mina de Colquiri enfraqueceu o controle da COB (Central Obrera Boliviana) e dos sindicatos. O enfrentamento com os indígenas também ficou evidente em vários episódios, a começar pelo de Tipnis quando se opuseram à construção de um rodovia que passaria pelo Parque.

Apesar do governo ter declarado que indenizará Iberdrola pelo “valor justo”, a nacionalização voltou a expor o sucateamento dos serviços públicos pelas multinacionais que os passaram a operar. A partir da segunda metade de 2011, a Espanha ficou no centro do aprofundamento da crise capitalista na Europa. As empresas com matrizes no País e filiais na América Latina passaram a sucatear abertamente os serviços prestados e a remeter um volume de recursos maiores para cobrirem os rombos. Isto também ficou evidente no caso da privatização da Repsol pelo governo de Cristina Kirchner na Argentina.

O nacionalismo burguês latino-americano se encontra em decadência, impulsionada pela perda da base material do controle das massas devido ao aprofundamento da crise capitalista.

Fonte: site PCO

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