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sábado, 8 de dezembro de 2012

Professores Estelionato: sindicalistas pedem assinatura em petição em favor do “entendimento” com os governos “fora da lei”.




Não querer enxergar  que no movimento  sindical brasileiro  há peleguismo, traições  e outros tipos de  fenômenos desprezíveis e inaceitáveis é no mínimo ignorância dos fatos  ou cumplicidade.   Mesmo que esta seja, digamos,  ”inconsciente”.      Será?? 

O combate que a maioria esmagadora dos sindicatos  de trabalhadores realizam   contra o capital e a exploração oriunda de sua concentração é  exageradamente oblíquo e profundamente danoso aos trabalhadores.     A distância entre o discurso e a prática é abissal. Ele é sim imoral e deveria ser inaceitável para todos aqueles que fazem ou fizeram parte da construção da estrutura sindical.

 O sindicato dos professores do ensino oficial do estado de SP, lamentavelmente, se enquadra nesse contexto  decadente e deletério.     Contribui sim, para a destruição dos sonhos de muitos que acreditam  na liberdade  e na democracia verdadeira no universo  de uma Educação Pública de qualidade e revolucionária.

A matéria que segue nos  faz refletir sobre    esse  triste e célere processo  que  precisa ser reavaliado e, se assim for, banido.       Vamos a ela.
      

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 PCO- Burocracia mente alegando que documento é a favor da redução da jornada, mas o mesmo apoia Parecer que propõe negociar e dar mais tempo para os governos como os do PSDB de SP e MG que não cumprem Lei em vigor desde 2009, abrindo mão de direito dos docentes 


Em outubro passado, a Câmara de Educação Básica do CNE (Conselho Nacional de Educação), aprovou o Parecer 18/2012, que teve como relatora a conselheira do CNE e presidente da APEOESP, Maria Isabel Noronha (“Bebel”, do PT) também vice-presidente daquela Câmara.

O Parecer que aguarda homologação do ministro da Educação, Aloízio Mercadante (também do PT) teve o aval da quase totalidade dos sindicalistas representados em sua maioria pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), presidida por Roberto Franklin de Leão  (exdirigente)  da Apeoesp, também do PT) que avalizou seus termos, juntamente, com os dirigentes do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (CONSED), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCEE).

O Parecer foi aprovado foi aprovado “por unanimidade” na Câmara o que significa que não só teve o apoio dos sindicalistas (que deveriam representar os trabalhadores) como também dos representantes dos governos dos mais diversos   partidos burgueses (do PSDB ao PT) e dos representantes dos tubarões do ensino privado.

Sobre o que eles se “entenderam”

O Parecer tem como objetivo anunciado o “Reexame do Parecer CNE/CEB nº 9/2012, que trata da implantação da Lei nº 11.738/2008, que institui o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da Educação Básica” que foi apresentado como uma “vitória” da burocracia, mesmo não tendo nenhum efeito prático, por ter reafirmado a validade da Lei que estabelece um piso miserável de R$ 1450 (atuais) para os professores do ensino básico – que não é pago na maioria dos estados e municípios – e manda que a jornada máxima do professor seja de 40h semanais, com 1/3 destas sendo destinadas a atividades extraclasse, ou seja, para estudos, planejamento e avaliação.


De forma semelhante, a Lei já foi “reafirmada” até mesmo pelo reacionário Supremo Tribunal Federal (STF) que está julgando a segunda ADIN – Ação Direta de Inconstitucionalidade, ambas patrocinadas por governos da “esquerda” (PT, PSB) e da direita (PSDB, DEM etc.) que não querem pagar o piso miserável e/ou reduzir a jornada docente.

O Parecer 09//2012 mal encobriu toda uma operação para jogar a Lei “na lata do lixo”. Os sindicalistas que o apoiaram passaram a negociar com as máfias do Congresso Nacional e dos governos estaduais e municiais uma alteração na Lei 11.738 para reduzir – já a partir de janeiro próximo - do percentual de reajuste do piso nacional dos professores, o qual – pela legislação em vigor – deve ser reajustado de acordo com o aumento do valor repassado aos governos pelo Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Básico).

Mostrando o caráter golpista de toda essa operação, a mesma relatora do Parecer 09/2012, foi incumbida de um novo Parecer, 18/2012, que ao final de mais de 30 páginas tem como conclusão final e nica de real importância que “a implementação  da composição da jornada de trabalho prevista na referida lei possa se dar de forma paulatina” (grifo nosso). Em outras palavras, passando por cima da Lei, o Parecer pretende autorizar que os governos estaduais e municipais que não vem cumprindo a Lei e que deveriam ser responsabilizados, inclusive, criminalmente, por tal ilegalidade, possa  “negociar” com sindicalistas que nada fizeram para exigir o cumprimento da Lei um prazo para que a jornada seja reduzida aos poucos, quem sabe até que a Lei seja alterada e não haja mais necessidade de redução alguma.

Esta política totalmente oposta aos interesses dos trabalhadores da educação e de todos os que defendem a melhora da qualidade do ensino público, o que obviamente depende da melhoria das condições de trabalho e salários dos educadores, foi apresentada pela burocracia sindical do PT, como um “entendimento com os representantes dos governos inimigos da Educação e defensores do ensino pago. Tudo com o mais completo silencio e cumplicidade das outras frações do sindicalismo docente (PSTU-PCdoB e PSOL).

Nada foi discutido com a categoria

Evidentemente que tal política não seria referendada por nenhum professor ou qualquer fórum da categoria que discutisse seriamente o assunto.

Ninguém se colocaria a favor de abrir mão de direitos assegurados em Lei em troca de nada, apenas para satisfazer os interesses de governos que gastam bilhões para atender aos interesses dos tubarões do ensino pago e outros monopólios capitalistas, apenas porque os chefes da burocracia sindical, sabe-se  lá a que preço, chegou a um entendimento com estes senhores.

Por isso mesma, o assunto não foi debatido, nem na CNTE ou em qualquer das dezenas de sindicatos que representam os mais quase 2 milhões de professores do ensino básico do País.

O caso mais escandaloso é o da Apeoesp, que acaba de realizar a V Conferência Estadual da Educação, no qual o assunto foi cuidadosamente evitado, por meio de um acordo entre toda a burocracia que dirige a entidade, principalmente do PT/Articulação (maioria) e do PSTU/Conlutas que se acertaram em castrar o debate no plenário do evento e dar lugar a que representantes do governo (do MEC) e da burocracia fizessem apologia da política governamental, impedindo que fosse aprovada qualquer mobilização real da categoria.

Essas duas alas da burocracia, se acertaram em não fazer nada agora e – para não ficar mal – anunciar que organizariam a luta no ano que vem. Coisa que vêm fazendo há anos. O máximo de divergência que os “combativos” do PSTU/Conlutas conseguiram encenar com os “governistas” do PT e PCdoB foi em torno da decisão de uma suposta greve no próximo ano, a qual não tem menor validade real, pois nenhuma greve pode ser decidida com cinco meses de antecedência, anda mais por uma maioria de delegados aposentados e burocratas sindicais que não fazem greve nenhuma.

De qualquer forma, a burocracia encenou o teatro dos que estavam a favor da greve em abril (PT+PCdoB), contra os que estavam a favor apenas de uma assembleia em março (PSTU+PSOL), sem que nenhuma dessas alas propusesse qualquer mobilização real ou ao menos denunciasse o golpe levado adiante no CNE e no Congresso Nacional contra a Lei do Piso e os professores.

Estelionato

A poucos dias do encerramento do ano letivo, depois de ter sabotado todas as mobilizações e greves da categoria pelo cumprimento da Lei e pelas demais reivindicações da categoria, a burocracia sindical está pondo em execução um novo golpe.

A direção da CNTE lançou na internet uma petição dirigida ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, intitulada “1/3 de hora-atividade para o magistério já!”, com o apoio da burocracia da Apeoesp e de muitos outros sindicatos.

O golpe consiste e que a petição nada tem a ver com seu título, uma vez que pedem o apoio, a assinatura dos professores para uma única reivindicação: requerer “a imediata homologação do Parecer 09/2012”reivindicar que o ministro homologue, segundo os próprios autores, o “referido Parecer [que] finalmente foi aclamado por todas as entidades presentes, inclusive Consed, Undime e CNTE” e cujo teor foi alterado pelo Parecer 19/2012.

O estelionato é ainda mais grave no momento em que – de acordo ainda com os autores, “os sistemas educacionais estarem na iminência de realizar novas atribuições de aulas para o ano letivo de 2013”. Em outras palavras, a burocracia quer ter a mãos livres para fechar acordos com os governos inimigos da Educação e evitar a mobilização, no momento em que os governos  vão atribuir as jornadas de trabalho dos professores para o próximo ano.

Além de evitar qualquer luta e ainda fingir que estão lutando, os sindicalistas traidores querem ajudar esses governos – em primeiro lugar os do PSDB de MG e SP – a evitar ações judiciais que garanta o direito dos professores, muitas das quais já estão em andamento e devem ter sentenças favoráveis aos docentes, as quais poderiam inclusive sujeitar o governo a multas, indenizações e outras sanções uma vez que a Lei tem vigência desde 2009.

Mobilizar contra o golpe, exigir a redução da jornada já!

Além de denunciar o golpe e agir por todos os meios para esclarecer a categoria e denunciar os falsificadores, é preciso organizar imediatamente a mobilização da categoria que a burocracia e os governos procuram evitar.

E todo o País é preciso que os professores, independentemente da burocracia sindical, tome a iniciativa de organizar reuniões para discutir o assunto e tomar iniciativas.

Ao invés de apoiar o “entendimento” e o golpe da burocracia com nossos inimigos e entregar nossos direitos, produzir campanhas com abaixo-assinados, atos e todo tipo de mobilização possível para impor a conquista da imediata redução da jornada já.

Em São Paulo, Educadores em Luta, corrente de Professores de Causa Operária, está organizando uma Plenária, no próximo dia 15 (sábado) para debater este assunto e organizar a mobilização e propondo uma plataforma de luta para ser impulsionada nas escolas do Estado e em todo o País que tem como pontos centrais a luta ela imediata redução da jornada (1/3 extraclasse já!), contra as demissões e pela estabilidade dos professores temporários (categoria “O” e outros), pela reposição das perdas salariais, em defesa da isonomia salarial (salário igual para trabalho igual) e demais reivindicações da categoria.

Fonte: site PCO

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