Soldados turcos guardam a fronteira com a Síria
Imprensa internacional
discute as razões para a deflagração de um conflito entre os dois países
A
situação na fronteira da Turquia com a Síria está cada vez mais perigosa. Na
segunda-feira, 8 de outubro, a artilharia turca respondeu com uma bateria de
fogo a mais uma série de morteiros disparados do lado sírio contra o seu
território. Os explosivos lançados pelos sírios caíram a uma distância de 150 a 200 metros do território
turco. Em consequência das sucessivas agressões, que haviam começado na semana
anterior, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayip Erdogan, convocou o povo
turco para se preparar para a guerra.
Por sua vez, a imprensa internacional, atenta
aos conflitos entre Síria e Turquia, acompanha com grande interesse os
desdobramentos da crise. Analistas independentes dizem não acreditar nas
declarações da OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, de que uma
guerra entre Síria e Turquia é muito pouco provável. O exército turco, duas
vezes mais forte do que o sírio, e muito mais bem equipado por contar com as
mais recentes e poderosas armas fabricadas no Ocidente, está obviamente preparado
para executar ações ofensivas.
Mas quais são os verdadeiros propósitos e
motivos que estão levando a Turquia para a guerra contra a Síria? Vamos
acompanhar o que dizem alguns dos principais órgãos da imprensa mundial.
O jornal “Hurriyet”, da Turquia,
afirma:
“A Turquia está apoiando o Exército Livre da
Síria, o principal grupo opositor ao Presidente Bashar al-Assad, não porque
deseja vê-lo simplesmente longe do poder, mas para que possa assumir total
controle sobre a região de fronteira entre os dois países. O que a Turquia
quer, na verdade, é manter controle total sobre os curdos que habitam essa
região de fronteira e merecem do governo turco atenções especiais. O raciocínio
do governo turco é simples: armando o Exército Livre da Síria e dotando-o de um
poder de fogo capaz de fazer frente às forças leais ao Presidente Bashar
al-Assad, vai ficar muito mais fácil negociar com esse grupo se ele, de fato,
tomar o poder na Síria. E se, para ajudá-los a tomar o poder, for necessário
fazer a guerra, nada impede o governo turco de exercer essa retórica. O
Parlamento turco autorizou o governo a movimentar as tropas do país para a
fronteira com a Síria. Mas o que se vê é que a guerra em si não é o objetivo
principal, mas, sim, toda a comoção causada por essa retórica beligerante.
”O jornal francês “Le Figaro” tem
praticamente a mesma avaliação do jornal turco. Os comentaristas franceses
avaliam o conflito entre Síria e Turquia da seguinte maneira:
“O fator curdo é o que move a Turquia rumo à
Síria. O povo do Curdistão, alojado na região de fronteira entre os dois
países, causa severas preocupações ao governo turco, e uma guerra poderia
ajudar a solucionar essas preocupações. Nos últimos dois meses, o governo turco
vem demonstrando uma grande apreensão pela crescente influência dos curdos no
norte da Síria, onde eles já controlam e influenciam algumas localidades. Para
os turcos, há uma intensa ligação entre o Partido da União Democrática,
integrado pelos cursos que vivem na Síria ou nos territórios próximos, e o Partido
dos Trabalhadores Curdos, que tem intensificado suas ações políticas contra a
Turquia. No governo turco, não falta quem sugira que os ataques contra o país
estejam partindo desses grupos, fazendo com que a responsabilidade recaia sobre
a Síria. O fato é que o clima de tensão é crescente, e o governo turco está
muito atento ao possível aprofundamento do problema.”
Para o jornal russo “Izvestia”, o clima
de hostilidade entre Síria e Turquia tem outras motivações. Os articulistas
russos têm a seguinte percepção desse conflito:
“Os líderes políticos da Turquia demonstram
querer ver o país vizinho como a Síria dos seus sonhos. Nesses sonhos, a Síria
aparece como uma súdita fiel e submissa dos sultões do Império Otomano que
dominou a Turquia. Entretanto, é preciso levar em consideração que a
autorização para que o governo turco movimentasse suas tropas em direção à
fronteira com a Síria foi dada por 320 dos 550 parlamentares federais turcos.
Esta decisão teve o apoio do Partido Justiça e Desenvolvimento e do bloco
denominado Movimento Nacional. Dos 230 parlamentares que votaram contra a
medida, 129 disseram que o governo não poderia receber dos representantes do
povo uma verdadeira carta branca para agir conforme as suas conveniências.
Agremiações de oposição como o Partido Republicano do Povo e o Partido Paz e
Democracia foram fundamentalmente contrários à autorização do enfrentamento
militar da Turquia com a Síria. Seus representantes chegaram a dizer que, se
esse conflito armado vier de fato a acontecer, a Turquia poderá estar dando
início à Terceira Guerra Mundial.”
Fonte: site Irã News - DMITRY
BABICH/DÍARIO DA RÚSSIA
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