Começou oficialmente nesta
sexta-feira (15), no Rio de Janeiro (Brasil), a ‘Cúpula dos Povos na Rio+20 por
Justiça Social e Ambiental'. Centenas de pessoas continuam chegando ao Aterro
do Flamengo, local do evento, e modificando a paisagem carioca. As tendas e
auditórios ainda estão sendo montadas e aos poucos ativistas, jovens,
pesquisadores de universidades e sociedade em geral começam a se reunir para
debater temas como desenvolvimento sustentável, nanotecnologia, reciclagem,
diálogo interreligioso, entre outros.
Uma das atividades da manhã deste
primeiro dia foi o debate Agricultura e Crises Ambientais, com a participação
de Paulo Petersen, da Associação Brasileira de Agroecologia. Paulo conversou
com os participantes sobre assuntos como a crise ecológica profunda e a
segurança alimentar que afetam cada dia mais a população.
"Não basta falar de
segurança alimentar, a Monsanto, uma das maiores produtoras de agroquímicos,
também fala nesse tema. Nós precisamos falar de soberania alimentar. E Cuba dá
um exemplo disso, pois o país tem condições políticas”, disse.
O palestrante também tocou em um
ponto que deverá ser amplamente debatido na Cúpula: a capacidade da sociedade
civil de influenciar o que está sendo debatido no Riocentro, onde acontece a
Conferência das Nações Unidades sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
"Nós sofremos de
invisibilidade, por isso temos que reaprender a fazer política, precisamos
também renovar os movimentos sociais e estimular a capacidade de reação. O
movimento agroecológico é pouco visto, mas quando produtores rurais decidem
usar semente crioula e não usar agrotóxicos eles incomodam, são vistos”,
instiga.
Paralelamente, em outra tenda,
foi lançado o Corredor Etnoambiental Tupí Mondé, iniciativa constituída por
povos indígenas do tronco tupi guarani e da família Mondé, que são os Paiter
(Suruí), Paderej (Cinta Larga), Ikolen (Gavião), Pangyjej (Zoró) e Karo
(Arara), falantes do Rama Rama. Estes cinco povos indígenas somam cerca de
quatro mil pessoas espalhadas por territórios em Rondônia e Mato Grosso do Sul.
A criação deste Corredor
Etnoambiental quer, entre outras coisas, evitar que se repitam episódios
violentos como o Massacre do Paralelo 11, quando 3.500 Cinta Larga morreram
envenenados por arsênico. Acredita-se que empresários tenham encomendado as
mortes a pistoleiros. O crime aconteceu em 1960, mas até hoje está vivo na
memória dos povos indígenas.
Nas palavras do cacique Josias, a
necessidade de organização entre estes cinco povos, com laços culturais tão
fortes e próximos, era óbvia.
"Temos semelhanças na
cultura, na língua, nas tradições, então decidimos nos unir e nos fortalecer
por meio de uma organização. Dessa forma, vamos poder juntos buscar nossa
sustentabilidade econômica, gerir melhor nossos territórios e fortalecer a
cultura indígena”, explicou Josias, assegurando a união entre os conhecimentos
dos indígenas mais velhos e dos mais novos foi fundamental.
Fonte: site Adital- jornalista Natasha
Pitts
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