Foto: AFP
O quadro Ressurreição de Lázaro
da autoria de Michelangelo Caravaggio, um artista famoso da época Barroco foi
restaurado pela primeira vez nos últimos 60 anos.
Em opinião de peritos em belas
artes, Caravaggio trabalhou sobre a sua obra nos anos 1608-09 enquanto vivia na
Cicília a procurar abrigo em face da pena de morte, sentença essa que lhe fora
lavrada em 1606 pelos poderes de Roma. O pintor foi acusado de assassinar
Ranuccio Tomassoni, quebra-esquinas, jogador e rufião que, na altura do suposto
crime, era um companheiro seu. Segundo testemunhas oculares, a briga se deu por
causa de dez escudos que o falecido teria ganhado ao pintor.
O quadro Ressurreição de Lázaro
foi pintado por encargo do comerciante de Genova, Giovanni Battista de'
Lazzari, que lhe pagou pela encomenda 1000 escudos, ou seja, o dobro da soma de
honorários que o pintor costumava receber pelas suas obras. Mas, não obstante a
avolumada importância, prossegue a comentar a perita Anna Maria Marcone, o
artista teve que trabalhar às pressas, razão pela qual se veem hoje
deficiências do pano de fundo e sinais claros de pinceladas peculiares.
É lícito, pois, perguntar qual
era o motivo da pressa na criação deste quadro? No parecer do escultor
Francesco Susinno, o Ressurreição de Lázaro, depois de concluído, terá sido
submetido a veementes críticas, o que levou o autor a destruir a sua obra e,
passado algum tempo, recompô-la. Foi essa segunda versão que chegou até nós e
que se pode ver nos dias de hoje.
Existe ainda uma lenda de que,
para uma maior autenticidade, Caravaggio teria usado um corpo de defunto. No
entanto, o famoso investigador John Gash, sustenta que esta história, apesar de
ser pouco provável, não supera os limites da realidade.
No processo de restauração que
durou mais de seis meses, foi possível identificar a composição de tintas
utilizadas pelo artista e recuperar a camada mais afetada. Além disso,
Caravaggio tinha usado tintas locais, da Cicília, sem conhecer bem as suas
características. Foi por isso que as primeiras obras de restauração foram
realizadas já em 1670. Andrea Suppa, responsável pela reabilitação do quadro
naquela atura, cometeu um erro, tendo danificado a pintura original. Todavia,
os especialistas contemporâneos conseguiram recuperá-la com êxito.
O Ressurreição de Lázaro se
tornou um dos últimos quadros de Caravaggio que terá falecido passado um ano
desde a sua criação. Até há pouco tempo, era a voz corrente que o ilustre
pintor teria morrido vítima de uma enfermidade. No entanto, em abril de 2012, o
historiador napolitano Vincenzo Pacelli divulgou uma hipótese segundo a qual o
pintor teria sido vítima mortal de cavaleiros da Ordem de Malta. Segundo supõe
Pacelli, o atentado teria sido perpetrado por indicação da Cúria Romana
interessada em eliminar o homem que punha em causa os princípios fundamentais
da Igreja Católica e costumava não venerar condignamente os santuários da sua
época.
Fonte: Voz da Rússia Armen
Apressian
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