Teresa Forcades, monja
beneditina, disse que teme que “os interesses geopolíticos dos poderosos tirem
a vida do presidente venezuelano
A monja beneditina, teóloga e
doutora em medicina, Teresa Forcades, expressou pela primeira vez a admiração
pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, defendendo que o mesmo “está fazendo
um bem imenso a seu país e ao mundo” e disse que teme que “os interesses
geopolíticos dos poderosos tirem a vida do presidente”.
Seu posicionamento público a
favor da política de Chavez é uma das opiniões que Forcades expressa em seu
livro “Converses amb Teresa Forcades”, escrito a seis mãos entre a jornalista
Eulália Tort, o editor Ton Barnils e a própria religiosa, conhecida por suas
críticas à indústria farmacêutica e por opor-se à vacinação durante a gripe
aviária.
No livro, lançado na última
quinta-feira (15) em Barcelona, Forcades falou abertamente sobre política, economia,
medicina e religião, direcionando suas críticas ao funcionamento “pouco
democrático” da Igreja e reivindicando o papel da mulher na instituição.
Forcades explicou que pela
primeira vez expressou sua opinião favorável a Chávez, mesmo com o risco de que
lhe chamem de “chavista”.
No livro, fruto de um ano de
entrevistas com a monja gravadas em seu monastério de Sant Benet de Montserrat
em Barcelona, Forcades reconhece que viajou para a Venezuela com ideias
pré-concebidas sobre Chávez.
Ela explica que, quando chegou a
seu hotel, viu que a televisão venezuelana transmitia um sermão do arcebispo
“contra o governo legítimo de Chávez”. “Com este pequeno detalhe comprovou-se
que havia liberdade de expressão”, conta a monja, que lembra que a Venezuela
“era e é um país com uma problemática importante, mas que pouco a pouco vai se
resolvendo”.
“Antes do governo de Chávez, mais
de 20% da população venezuelana estava em situação de pobreza extrema e agora a
porcentagem está em 7%. Não podemos esquecer que na Espanha há 20% de pobreza”,
defende a beneditina, que também ressalta que o presidente venezuelano “em
menos de dez anos alfabetizou 95% de seus cidadãos”.
Forcades assegura que “não há
nenhum líder contemporâneo europeu que tenha a cultura que tem Hugo Chavez”.
O livro desvela também alguns
episódios de sua vida, como o divórcio dos seus pais quando era criança, afirma
que era hiperativa e que ganhou uma nota zero em comportamento na escola.
Também revela que, a pedido de
uma família, desconectou uma paciente da máquina que lhe mantinha com vida
quando era interna em hospital nos Estados Unidos.
A monja se mostra contrária ao
“ensinamento terapêutico”, mas rechaça a eutanásia ativa para acelerar a morte
de uma pessoa.
“Desde o ponto de vista cristão,
não há obrigação de usar nenhum meio extraordinário. É possível aceitar
perfeitamente que um organismo diga basta”, explica a doutora, que, entre
outras coisas, cuida da saúde de suas trinta companheiras de monastério.
Forcades também ataca a prática
de grandes editoras de livros que “queimam os excedentes que não vendem depois
de três meses que são publicados”. “A cultura não é isso”, afirma.
No que diz respeito à economia,
lamenta que a democracia tenha perdido frente a uma "ditadura
financeira" e apela que os políticos recuperem o controle da economia
porque "são os únicos dos quais podemos ter um controle democrático".
Fonte: Brasil de Fato e YVKE
Nenhum comentário:
Postar um comentário