Foto EPA
A defesa antiaérea síria, que
abateu na sexta-feira um avião de reconhecimento turco quando este sobrevoava o
espaço aéreo da Síria, provocaram um brusco agravamento da situação, já de si
explosiva, em torno deste país.
Damasco apresentou desculpas, mas
Ancara rejeitou-as, tendo solicitado uma reunião do conselho da OTAN de que a
Turquia faz parte. A aliança confirmou que a reunião decorrerá na terça-feira,
dia 26 de junho.
Terá sido uma circunstância
infeliz ou uma operação planeada previamente? Talvez esse seja o cerne da
questão que se colocam os políticos e os especialistas em diferentes pontos do
planeta. As autoridades sírias afirmam que o avião turco, equipado com
aparelhagem de reconhecimento, entrou no espaço aéreo do país e foi abatido de
acordo com as regras militares (não só sírias) que são aplicadas nestes casos.
Damasco, porém, apressou-se a declarar que as ações da DAA não devem ser
consideradas como um ato hostil contra a Turquia.
A resposta de Ancara era previsível.
Esta acusou Damasco de infringir as leis internacionais e declarou que o
incidente ocorreu em espaço internacional. Terão de ser os especialistas a
descobrir a verdade.
O Ocidente e seus parceiros,
firmemente dispostos a afastar Bashar Assad do poder, precisam desesperadamente
de um precedente importante para iniciar um processo com o recurso à força, já
que não têm outros recursos. A posição da Rússia e da China, que defendem de
forma consequente o direito do povo sírio a decidir autonomamente o destino do
seu Estado, já se tornou num obstáculo sério. O caso do caça abatido,
pertencente a um país-membro da OTAN, é útil para a coligação internacional
anti-síria, comenta o politólogo Stanislav Tarassov:
"Se o avião estivesse armado
e se encontrasse no espaço da Síria se podia considerar como um ato de
agressão. Mas se o avião era de reconhecimento e encontrava.se no espaço aéreo
da Síria, tratou-se de uma provocação típica."
O diretor do Instituto de Estudos
Políticos Serguei Markov considera que as ações planeadas da Turquia como
membro da OTAN fazem parte do plano para a mudança do regime em Damasco. Na
futura cúpula da aliança será discutido o ataque a alvos militares sírios,
afirma o politólogo.
Esse ponto de vista é confirmado,
de forma indireta, pelas afirmações duras da secretária de Estado dos EUA
Hillary Clinton que condenou a Síria pela destruição descarada e inaceitável do
avião turco e prometeu ajudar Ancara na preparação de uma resposta adequada. O
incidente com a aeronave inspirou também a oposição síria que se apressou a
acusar os militares da escalada de violência. Já em Damasco essa escalada é
interpretada de outra forma. Este declara que as tropas sírias efetuaram uma
operação militar e destruiram vários veículos com guerrilheiros, incluindo
mercenários estrangeiros, assim como rechaçaram um ataque de bandidos vindos do
lado da Turquia. A situação está ao rubro. O seu desenvolvimento será evidente
logo após a reunião do Conselho da OTAN.
Fonte: site Voz da Rússia Ilia Kharlamov
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