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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Caça abatido terá sido um pretexto?



Foto  EPA
A defesa antiaérea síria, que abateu na sexta-feira um avião de reconhecimento turco quando este sobrevoava o espaço aéreo da Síria, provocaram um brusco agravamento da situação, já de si explosiva, em torno deste país.

Damasco apresentou desculpas, mas Ancara rejeitou-as, tendo solicitado uma reunião do conselho da OTAN de que a Turquia faz parte. A aliança confirmou que a reunião decorrerá na terça-feira, dia 26 de junho.

Terá sido uma circunstância infeliz ou uma operação planeada previamente? Talvez esse seja o cerne da questão que se colocam os políticos e os especialistas em diferentes pontos do planeta. As autoridades sírias afirmam que o avião turco, equipado com aparelhagem de reconhecimento, entrou no espaço aéreo do país e foi abatido de acordo com as regras militares (não só sírias) que são aplicadas nestes casos. Damasco, porém, apressou-se a declarar que as ações da DAA não devem ser consideradas como um ato hostil contra a Turquia.

A resposta de Ancara era previsível. Esta acusou Damasco de infringir as leis internacionais e declarou que o incidente ocorreu em espaço internacional. Terão de ser os especialistas a descobrir a verdade.

O Ocidente e seus parceiros, firmemente dispostos a afastar Bashar Assad do poder, precisam desesperadamente de um precedente importante para iniciar um processo com o recurso à força, já que não têm outros recursos. A posição da Rússia e da China, que defendem de forma consequente o direito do povo sírio a decidir autonomamente o destino do seu Estado, já se tornou num obstáculo sério. O caso do caça abatido, pertencente a um país-membro da OTAN, é útil para a coligação internacional anti-síria, comenta o politólogo Stanislav Tarassov:


"Se o avião estivesse armado e se encontrasse no espaço da Síria se podia considerar como um ato de agressão. Mas se o avião era de reconhecimento e encontrava.se no espaço aéreo da Síria, tratou-se de uma provocação típica."

O diretor do Instituto de Estudos Políticos Serguei Markov considera que as ações planeadas da Turquia como membro da OTAN fazem parte do plano para a mudança do regime em Damasco. Na futura cúpula da aliança será discutido o ataque a alvos militares sírios, afirma o politólogo.

Esse ponto de vista é confirmado, de forma indireta, pelas afirmações duras da secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton que condenou a Síria pela destruição descarada e inaceitável do avião turco e prometeu ajudar Ancara na preparação de uma resposta adequada. O incidente com a aeronave inspirou também a oposição síria que se apressou a acusar os militares da escalada de violência. Já em Damasco essa escalada é interpretada de outra forma. Este declara que as tropas sírias efetuaram uma operação militar e destruiram vários veículos com guerrilheiros, incluindo mercenários estrangeiros, assim como rechaçaram um ataque de bandidos vindos do lado da Turquia. A situação está ao rubro. O seu desenvolvimento será evidente logo após a reunião do Conselho da OTAN.

Fonte: site Voz da   Rússia    Ilia Kharlamov

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