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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ex-delegado revela que militantes de esquerda foram incinerados


Acaba de ser editado livro que traz um dos depoimentos mais bombásticos sobre a ditadura militar no Brasil. O livro “Memórias de uma guerra suja”, que deve ser lançado em breve, é o relato do ex-delegado capixaba Cláudio Guerra sobre alguns dos acontecimentos mais marcantes das décadas de 70 e 80.

 Cláudio Guerra conta, por exemplo, como incinerou os corpos de dez presos políticos numa usina de açúcar do norte Estado do Rio de Janeiro. Corpos que nunca mais serão encontrados – conforme ele testemunha – de militantes de esquerda que foram torturados barbaramente, entre eles David Capistrano e Ana Rosa Kucinski.

 “Em determinado momento da guerra contra os adversários do regime passamos a discutir o que fazer com os corpos dos eliminados na luta clandestina. Estávamos no final de 1973. Precisávamos ter um plano. Embora a imprensa estivesse sob censura, havia resistência interna e no exterior contra os atos clandestinos, a tortura e as mortes.”

 Revelações sobre o caso do Riocentro; o assassinato do jornalista Alexandre Von Baumgarten, em 1982; a aproximação entre o crime organizado e setores militares na luta para manter a repressão; e nomes de alguns dos financiadores privados das ações do terrorismo de Estado que se estabeleceu naquele período também estão no livro.

Delegado Fleury

 Símbolo da linha-dura do regime militar, o delegado Sérgio Paranhos Fleury – titular da Delegacia de Investigações Criminais (DEIC) de São Paulo – foi assassinado por ordem de um grupo de militares e de policiais rebelados contra o processo de abertura política iniciado pelo ex-presidente Ernesto Geisel. É o que afirma o ex-delegado Cláudio Antônio Guerra.

 “Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresários que pagavam para sustentar as ações clandestinas do regime militar. Não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria. E exorbitava. (...) Nessa época, o hábito de cheirar cocaína também já fazia parte de sua vida. Cansei de ver.”

 A história oficial é que o delegado paulista morreu acidentalmente em Ilhabela, ao tombar da lancha. Mas Guerra afirma que Fleury na verdade foi dopado e levou uma pedrada na cabeça antes de cair no mar.

 Guerra está sob proteção da Polícia federal. Tornou-se uma testemunha-chave às vésperas do início dos trabalhos da Comissão da Verdade, criada para apurar violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar (1964-1988).

Comissão da Verdade

 Um ato nacional pela verdade e justiça está sendo organizado para próximo dia 3 de maio. Em São Paulo, a manifestação acontecerá em frente ao antigo Doi-Codi, usado como centro de torturas e assassinatos na ditadura.

 Na última sexta-feira (27/4), militantes de direitos humanos realizaram uma breve marcha até o escritório paulista da Presidência da República, para protocolar um pedido para que Dilma Roussef faça a nomeação e instaure a Comissão Nacional da Verdade.

 O deputado estadual do PT Adriano Diogo afirmou que o ato pede "a imediata instalação da Comissão Nacional da Verdade”. E seguiu, questionando: “Será que os generais de pijama e os torturadores que se reuniram no Clube Militar do RJ ainda têm todo esse peso político? Será que 48 anos depois, quando pessoas foram mortas, desaparecidas, e nenhum corpo foi sepultado – e nem devolvidos para as famílias – ainda temos medo desses generais de pijama? Aonde vamos buscar a correlação de forças?”.

Adriano Diogo é autor da lei que criou a Comissão Estadual da Verdade, instalada no início de março.

 Outras atividades vêm ocorrendo pelo país, cobrando não só a memória e a verdade, mas também a justiça.

 A concentração para o ato em São Paulo será em frente à Igreja do Santíssimo Sacramento, às 8h30, na rua Tutóia, 1125.






fonte PT Alesp

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