Jorge Messias
«O mundo já está preparado para
se submeter a um governo mundial. A
soberania supranacional de uma elite de intelectuais e de banqueiros mundiais,
seguramente que é preferível à autodeterminação nacional...» (David
Rockefeller, chefe-de-fila do capitalismo mundial, 1991).
«A concentração da riqueza e do
capital é um processo inevitável resultante da reprodução capitalista e
acelera-se em toda a economia mundial.
Deste modo, cresce a fome, a miséria e o desemprego; degradam-se as condições
de trabalho com a entrada em novas áreas de exploração dos trabalhadores, com a
imposição de salários baixíssimos, como é o caso da China e do continente
asiático, onde vigora uma nova divisão internacional do trabalho.
Simultaneamente, agravam-se para a maioria da população mundial as condições de
saúde, saneamento, educação, etc. Isto passa-se mesmo no caso da população dos
países imperialistas.» (adaptado da 10.ª edição do Relatório sobre a Riqueza Mundial, Instituto Merrill Lynch).
«A constante subida da espiral de
preços dos produtos alimentares resulta
de o capital financeiro ter começado a investir fortemente nos mercados
mundiais agrícolas, depois da crise de investimentos no sector imobiliário. Mas
quanto mais alto subirem os preços, mais fome haverá no mundo.» (Desemprego
Zero, Blogue Casa das Aranhas).
O capitalismo continua a ser o
que sempre foi (mesmo quando já existia e pouco era citado). Consistia,
consiste e consistirá na propriedade privada dos meios de produção e na
exploração de uma força do trabalho cada vez mais mal paga. São objetivos
permanentes que assumem, em cada fase histórica, formas e modos de apresentação
diferentes. O latifúndio agrário associava-se, na Antiguidade, às ideias de grande
extensão de terras aráveis e ao poder discricionário e cruel que os poderosos
senhores usavam contra os camponeses e escravos que os serviam. Tratava-se,
portanto, de um conjunto de noções pouco ou nada simpáticas às população
plebeias.
Nos atuais jogos de palavras,
tudo neste aspecto mudou. Latifúndio, tal como colonialismo, exploração do
homem, monopólio, burguesia, imperialismo e tantos outros termos mais, são
expressões a evitar. Na gramática capitalista moderna tendem a ser substituídos
por expressões politicamente corretas e agradáveis de ouvir, como acontece com
Agronegócio. Este neologismo contém aquilo que o passado tornou odioso
(exploração abusiva do solo, saque do trabalho do homem, conquista do lucro e
do poder). Mas oculta-se atrás do biombo das técnicas de comunicação que
mistificam, simultaneamente, a verdade e a mentira: progresso, tecnologias,
combate à fome, solidariedade, filantropia, etc., etc. Basta comparar com a
realidade embustes largamente usados pela comunicação social quando identifica
agronegócio com o combate à fome; deveres sociais do Estado com as IPSS ou com
a Economia da Comunhão; ou Reforma Agrária de Mercado com a genuína Reforma
Agrária, revolucionária e socialista.
A alta hierarquia católica
conhece e é agente activa de todas estas trapaças. Sabe que os mais fortes
pilares da Nova Ordem que integram o Agronegócio são as sementes transgénicas que
envenenam a saúde pública; as finanças especulativas (dos swaps às lavagens de
dinheiro) ou os crowdfundings (seguros de alto risco dos negócios escuros).
Nada disto constitui novidade
para a Cúria Romana. Os purpurados conhecem de cor os enunciados da ética
católica. O que não os impediu de, muito recentemente, já sob a égide do papa
Francisco I, terem feito publicar, no decurso de um só ano, documentos que são
autênticos crimes contra os direitos do homem e representam a confissão
espontânea do alinhamento que existe entre o Vaticano e as formações mais
reaccionárias do imperialismo neoliberal.
Basta olhar-se para as decisões
oficiais da hierarquia de prolongar a vida de um banco do Vaticano – o IOR –
minado por escândalos monumentais contínuos; de reclamar a imediata instituição
de uma única entidade supervisora bancário e de um só governo mundial; de
proclamar que as sementes modificadas representam uma arma valiosa para a
erradicação da fome no mundo: de dar «luz verde» ao incremento do emprego dos
crowdfundings capitalistas e das suas redes de plataformas empresariais; e do
anúncio da adesão da Unidade de Inteligência Financeira do Vaticano ao Egmont
Group, multinacional das Edições Maxell, altamente conhecedor do mundo
financeiro, da área dos media e dos meios onde se situam as formações de
lavagens de dinheiro e de preparação de actos terroristas internacionais.
«Pelos seus frutos os
conhecereis...», consta na Bíblia.
Fonte: Avante
Nenhum comentário:
Postar um comentário