Comunicação de Miguel Urbano
Rodrigues ao Seminário Internacional «Os Partidos e uma Nova Sociedade» do
Partido do Trabalho, Cidade do México, Março de 2013.
A crise que a Humanidade enfrenta
não tem precedente. Pelas suas características, por ser global e universal,
difere das anteriores.
A maioria da Humanidade tem
dificuldade em compreender a sua gravidade e dar- lhe combate porque uma
monstruosa engrenagem de desinformação
transforma a mentira em verdade e o crime em virtude.Utilizando-a como
instrumento de uma estratégia de dominaçao planetária, o sistema de poder dos
Estados Unidos tenta – com a cumplicidade dos governos da Uniao Europeia e do
Japao- criar sociedades de senhores e escravos de novo tipo , povos robotizados
,um mundo que responda aos interesses do grande capital , erigido num valor supremo, quase divinizado.
Para atingir esse objectivo, o
imperialismo evoluiu numa metamorfose complexa. As guerras interimperialistas
pertencem ao passado. Contradições entre grandes potencias e gigantes
transnacionais não desapareceram, mas não são já antagônicas.
Um imperialismo colectivo
hegemonizado pelos EUA substuiu o imperialismo, responsável pelas guerras
mundiais do seculo XX.
O pólo (e motor) desse novo imperialismo situa-se nos EUA e é
ele que, pela sua agressividade e irracionalidade, configura uma ameaça à
humanidade.
Hoje são os intelectuais
progressistas dos EUA os primeiros a denunciar esse perigo que, pelo funcionamento do sistema e a
sua tendência exterminista , pode
conduzir à extinção da vida na Terra.
Cito entre outros Noam Chomsky,
James Petras,Ramsey Clark e o falecido Howard Zinn.
Em entrevista recente à emissora
de televisão Russia Today, de Moscovo, o cineasta Oliver Stone e o historiador
Peter Kuznik, definiram Barack Obama como «lobo disfarçado de cordeiro».
Para Oliver Stone, os EUA são
atualmente um Estado
Orwelliano.Obama«pegou em todas as mudanças de Bush ,introduziu-as no sistema e
codificou-as».
Peranhte uma crise estrutural
para a qual não encontra soluções no
âmbito da lógica do capital,o imperialismo estadounidense optou por uma
politica externa neofascista , promovendo
guerras ditas “preventivas” contra povos do Terceiro Mundo para saquear
os seus recursos naturais.
Crimes abjectos foram cometidos
no Iraque, no Afeganistao, na Libia.
Tribos da Somalia e do Iemen são bombardeadas com frequencia em guerras
não declaradas. A Intervençao militar no Uganda inseriu-se nos planos do Africa
Comand que se propõe instalar naquele
Continente um exercito permanente de 100 000 homens.
No Iraque, na Síria e no
Afeganistão, os EUA criaram «esquadroes da morte» inspirados no modelo
salvadorenho para assassinar «inimigos» cujos nomes constam de listas elaboradas
pela inteligência militar ( Chossudovsky, Global Research,4.1.13)
A Operaçao terrorista que visa
impor à Siria um governo fantoche está em marcha. O objectivo seguinte será o
Irã, único país muçulmano cujo governo não se submete aos ultimatos de Washington.
Mas a China é já apresentada como o grande obstáculo à dominação planetária dos
EUA. Dois terços do poder aeronaval dos EUA foram concentrados no Extremo
Oriente e aquele país está cercado por uma rede de bases militares
norte-americanas.
Na reformulaçao da estratégia do
Pentagono, os drones-avioes sem piloto- substitiram os bombardeiros
tradicionais. Os melhores pilotos da USAF, instalados diante de máquinas
sofisticadas em bases dos EUA, comandam os ataques criminosos desses engenhos
contra aldeias do Paquistao e do Afeganistão. É o próprio presidente Obama quem
seleciona em listas que lhe são entregues os inimigos a serem abatidos ,
supostamente da Al Qaeda ou Talibans. Milhares de camponeses têm sido
assassinados pelos drones nessas acçoes criminosas. O Pentágono lamenta, mas
conclui que se trata de «danos colaterais inevitáveis».
Centenas de bases militares dos
EUA, instaladas em mais de quinze países, são prova indesmentível da estratégia
exterminista do Pentágono.
Um número recorde de suicídios
nas Forças Armadas no ano passado foi interpretado por influentes media como
manifestação do mal estar crescente nelas implantado.
No plano interno os EUA atuam já
–a expressão é de Michel Chossudovsky- como um Estado totalitário e policial de
fachada democrática.
A Base Militar de Guantánamo
permanece aberta como centro de tortura de presos.
Invocando o Espionage Act, a Administração
Obama encarcerou sem as levar a tribunal mais cidadãos do que qualquer das
anteriores.
O atual governo, segundo Peter
Kuznick, intercepta diariamente 1.700.000 mensagens privadas entre emails e
chamadas telefónicas. Aproximadamente um milhão de pessoas «com habilitação de
segurança máxima» garantem o funcionamento desse aparelho secreto de
espionagem.
Em l946,as quatro potencias
ocidentais que haviam destruído o III Reich de Hitler julgaram em Nuremberga 22
dos grandes criminosos de guerra nazis e enforcaram onze deles.
Hoje, transcorridos 66 anos, o
presidente dos EUA, responsável pelo cargo que exerce por uma estratégia
exterminista e repugnantes crimes contra a Humanidade, é premiado com o Nobel
da Paz.
A Historia ensina-nos que os
povos oprimidos e agredidos tardam quase sempre a levantar-se contra a
tirania.Mas acabam por se insurgir e destruir os sistemas que a impõem.
Essa lei histórica permanece
válida.
O capitalismo ainda poderoso, mas
ferido de morte, hegemonizado pelo sistema de poder desumanizado do
imperialismo estadunidense, será destruído e erradicado da Terra, pátria do homem.
Cidade do México, Março de 2013
Fonte: site Desacato.info.
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