Ocupação foi realizada em
protesto pela ausência do secretário de Segurança Pública, Fernando Grella
Vieira, em audiência pública para tratar de violência policial
Gisele Brito,
da Rede Brasil Atual
Cerca de 100 pessoas ocuparam na noite de
terça-feira (19) a sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo
em protesto pela ausência do titular da pasta, Fernando Grella Vieira, em
audiência pública marcada para as 18h na Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo (USP), no largo São Francisco, centro da capital. O encontro
serviria para que membros do Comitê Contra o Genocídio cobrassem investigações
de homicídios cujas suspeitas recaem sobre policiais. A presença de Grella na
audiência vinha sendo articulada pelo comitê havia pelo menos dois meses. Na
audiência, apenas o assessor dele, Eduardo Dias, compareceu.
Sem o titular da pasta, membros
do coletivo tomaram o microfone e assumiram a organização do evento,
transformando-o em ato de protesto. O secretário foi chamado de
"covarde" e a secretaria foi acusada de conivência com supostos
assassinatos cometidos por policiais no ano passado. Dias demonstrou nervosismo
com a situação e tentou tomar a palavra algumas vezes, sem sucesso. Depois de
quase uma hora de manifestações duras contra a secretaria e o governo do
estado, ele deixou o auditório.
Cerca de 100 pessoas ocuparam a Secretaria de Segurança - Foto: Reprodução/Comitê contra o Genocídio
Ao mesmo tempo, o grupo que havia ido até a faculdade para participar da audiência, entre eles militantes das Mães de Maio que vivem na Baixada Santista, decidiram ocupar a sede da SSP, distante alguns metros do local. Quando o grupo chegou ao prédio, aos gritos de “Justiça” e “Cadê o secretário?” muitos portando faixas e fotos de pessoas assassinadas supostamente pela ação de policiais, funcionários da secretaria tentaram fechar as portas, mas foram convencidos pelos manifestantes a liberar a entrada e evitar conflitos.
Lá, receberam a informação de que
Grella Vieira não estava. Ainda assim, o grupo permaneceu no local por cerca de
30 minutos, continuando o protesto pelo “fim da violência contra a juventude
negra, pobre e periférica”. Em memória dos jovens assassinados, algumas vítimas
tiveram seus nomes lidos em voz alta. Durante a saída dos manifestantes, alguns
policiais com metralhadoras em punho se posicionaram diante do prédio, mas não
houve nenhum tipo de confronto.
Antes de deixar o auditório da
Faculdade de Direito, Dias disse aos jornalistas que Grella estava reunido com
o comando da PM e delegados da Polícia Civil e que desde a tarde da terça-feira
anterior (12) os coordenadores do comitê sabiam que o secretário não iria à
audiência.
A justificativa da ausência,
segundo ele, é que um documento apresentado no dia 7 trazia reivindicações
ainda de novembro, anteriores à nomeação de Grella para o cargo. “Aí a pauta
caiu. Nesse documento de novembro pediam a cabeça do secretário e o secretário
à época não é mais secretário. Nós vínhamos para esclarecer. Mandamos isso,
falamos isso na terça-feira (12) antes da reunião do comitê e eu não sei o que
foi dito nessa reunião à noite, mas na terça à tarde já se sabia que o
secretário não viria”, justificou.
Douglas Belchior, membro do
Comitê Contra o Genocídio, confirmou saber que o secretário faltaria à
audiência marcada para ontem, mas ainda assim a agenda foi mantida. “Apesar do
anúncio de que ele não viria, nós continuamos exigindo a presença dele porque
foi uma construção com o movimento a partir de uma demanda social importante. O
que importa é que o movimento convocou um agente do Estado, um cara que está a
serviço da sociedade e ele deveria estar aqui”, afirmou.
Veja o vídeo da ocupação:
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