A política neoliberal, acredite,
muitos já o fazem, é bem mais acentuada nos
governos dos tucanos que noutros.
Fieis a cartilha
imperialista os governadores dos estados
administrados pelos tucanos e “outros”
similares neoliberais não assumidos, simpatizam-se e têm a mesma assertiva na questão educacional.
A destruição
da carreira do magistério se impõe como algo irreversível, ao menos até a duração de seus governos e da
resistência dos movimentos populares e dos
sindicatos da Educação que se constituíram para defender os trabalhadores.
Ao encontrar a matéria abaixo, que alude sobre a situação dos professores públicos do estado
de Goiás, tive a impressão de que tratava-se do governo paulista. O mecanismo destrutivo é o mesmo. As perseguições e imposições se mostram da mesma concepção e perspectivas.
Não poderia ser diferente. O governador de
Goiás é Marconi Perillo (PSDB) o mesmo
partido de Geraldo Alckmin. Ao ler o
depoimento do professor me senti na
escola em que trabalho. A minha situa-se
no interior de São Paulo, enquanto que aquela está em Goiânia. Trata-se do mesmíssimo modus operandi. É assim
que eles agem: mentindo, perseguindo e assediando
moralmente os trabalhadores da Educação.
Uma espécie de manejo
burocrático, que faz parte da cartilha destrutiva do Estado Mínimo, em execução
há décadas em São Paulo, ainda é forte e tem feito várias vítimas ano após ano. Não são de hoje as reclamações
sobre salas de aula superlotadas, assédio
moral, imposição de uma rotatividade nas
escolas impedindo a manutenção do vínculo do professor com seu local de
trabalho, e, mais recentemente as imorais divisões da atividade em várias categorias – efetivos, licenciatura plena,, bacharéis,
F, O, alunos do último semestre, alunos da diretoria, de outra diretoria,.. por pontuação, classificação- e ainda os professores têm que submeterem-se a
“provas externas” que só existem com o propósito de dividi-los
mais jogando uns contra os outros, pois
tais provas sugerem supostas “
determinadas competências”.
Tudo isso na verdade somente
acentua o assédio moral criando
circunstâncias insustentáveis dentro do
ambiente de trabalho.: demissões,
“quarentenas”, contratos temporários, e outros tipos de imposições presentes na
prática neoliberal. Um verdadeiro crime
contra a Educação. Tudo isso, fica evidente
e claro, contribui para desvalorizar ainda mais a profissão, humilhar
a atividade de docência e diminuir, ainda
mais, os aviltantes salários.
É, lamentavelmente, algo profundamente trágico. A atividade pedagógico-criminosa e destrutiva desses governos não tem limites.
A precariedade extrema dos
professores da categoria “O”, um absurdo inimaginável a algum tempo atrás, pode ser comprovada pela não existência do direito de
assistência médica pelo IAMSPE, pelo limite de abonadas durante o ano, somente duas, pelas demissões a que são submetidos todo
final de ano de forma inconteste. Isso tem
gerado até piadas por parte de
professores que passaram pela escola e
hoje são aposentados. “ É inacreditável
que isso aconteça na Educação! (..) falam até que o professor da categoria “O” tem um limite para usar o banheiro da escola!!??
.. e a Apeoesp não faz nada??”
O depoimento do colega de Goiás,
em entrevista ao site Passa Palavra .info, não permite outro interpretação dessa
realidade vergonhosamente inaceitável.
Professor Jeovane
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Todos os professores da escola se
reuniram e decidiram que iam dar um basta nas pressões que a gente anda
sofrendo. Professor Anônimo entrevistado por Passa Palavra
Um ano depois da implementação do Pacto Pela Educação em Goiás e do fim da greve por conta da titularidade, como analisado aqui por outros Professores Anônimos, recomeçam algumas mobilizações da base do professorado nas escolas. O caso que relatamos a seguir se deu em uma escola da região central da capital, que está em boas condições de funcionamento e estrutura física, e onde, com as mudanças na gestão, os professores vêm enfrentando pressões crescentes no ambiente de trabalho escolar..
Professor Anônimo: Dou aula no
Estado faz mais ou menos três anos. Estou no fim do estágio probatório.
PP: O que aconteceu na sua escola?
PA: Todos os professores da
escola se reuniram e decidiram que iam dar um basta nas pressões que a gente
anda sofrendo.
PP: O que vocês fizeram?
PA: Chegamos na diretora e
falamos assim: “Se vocês têm o direito de convocar reunião toda hora
interrompendo as nossas aulas, nós também temos. Vamos reunir daqui a uma hora
e discutir os problemas com o trabalho que a gente anda tendo”. Aí nós
dispensamos os estudantes uma hora mais cedo e fomos conversar com a diretora.
PP: O que vocês conversaram com a diretora da escola?
PA: Chegamos nela e falamos que
ela ia ter que retirar todas as últimas “obrigações” que eles andam cobrando
sem parar da gente. Principalmente, a cobrança de relatórios de absolutamente
tudo que a gente faz e os planos de aula detalhados diários. Se ela não
retirasse, a gente simplesmente não ia fazer mais também. Falamos que a gente
não se importava em perder essa merreca de bônus do reconhecer que tão
oferecendo a esse preço tão alto.
PP: Qual foi a reação da diretora?
PA: A diretora desabafou que a
Secretaria anda tratando os diretores “que nem cachorros”. Que eles ficam
cobrando o tempo todo coisas que nem sempre ela entende direito, que uma vez
ela não viu um e-mail e ligaram para ela ameaçando destituí-la se ela não se
retratasse da omissão que ela cometeu ao não cumprir o que estava naquele
e-mail, entre outras coisas. E que já que a gente tinha decidido não fazer, ela
não tinha condição de impor isso. Depois começou a reclamar de uns professores que
faltavam muito, mas aí já tinha acabado a reunião.
PP: O que levou a que acontecesse essa “manifestação”?
PA: Então, a gente vem sofrendo
muita pressão o tempo todo das coordenações e direções de escola. As coisas vão
se acumulando. Essa exigência diária dos relatórios completos, cortaram o tempo
de recreio como tempo de hora-aula, a gente não pode faltar um dia que está o
coordenador cobrando [exigindo] explicações e falando que a gente vai perder o
bônus… mas o estopim foi há alguns dias atrás. Veio uma técnica da Secretaria
da Educação e ficou dando bronca [ralhando] na gente, falando que a gente tinha
que escrevinhar tudo o que a gente fazia, que acabou a vida boa de não precisar
escrevinhar as coisas… e aqui tem professores que dão aula faz mais de vinte
anos, é um absurdo vir esse pessoal cobrar da gente como que temos que dar e
planejar as aulas. Então, com essa vinda da técnica a gente meio que resolveu
dar um basta e chamamos essa reunião.
PP: Quem ficou mais à frente dessa chamada e da reunião?
P.A.: Foram os professores mais
velhos, mais experientes, com melhor condição econômica. A maioria já tem carro
bom, realmente não precisa desse bônus. São professores dedicados a dar aula,
não são preguiçosos, mas também não aceitam qualquer coisa. Tem umas
professoras aqui, por exemplo, que não aceitaram mudar para o regime integral.
Elas iam ganhar mais 3 mil reais, mas iam trabalhar o dia inteiro. Não
aceitaram. Eu estou no probatório, não posso me expor muito, não falei muito na
reunião, mas… pensei que pelo menos os relatórios com certeza eu não vou
entregar.
PP: O que você acha que vai acontecer agora?
PA: Eu realmente não sei… mas
acho que a educação no estado é um barril de pólvora prestes a explodir. A
gente não está aguentando mais. Se os professores mais velhos de escolas boas
estão se mobilizando assim, sei não… acho que vai acontecer alguma coisa maior
logo logo.
Fonte: site Passa Palavra.info
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