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domingo, 17 de março de 2013

Goiás: Professores dizem basta às pressões do estado


A política neoliberal, acredite,  muitos já o fazem,  é bem mais acentuada nos governos dos tucanos que noutros.

 Fieis  a cartilha imperialista  os governadores dos estados administrados pelos tucanos  e “outros” similares neoliberais  não assumidos,   simpatizam-se e têm a mesma  assertiva na questão educacional.

 A destruição  da carreira do magistério se impõe como algo irreversível, ao menos  até a duração de seus governos e da resistência  dos  movimentos populares  e  dos sindicatos da Educação que se constituíram para defender os trabalhadores.

Ao encontrar a matéria  abaixo, que alude sobre  a situação dos professores públicos do estado de Goiás, tive a impressão de que tratava-se do governo paulista. O   mecanismo destrutivo é o mesmo.  As perseguições  e imposições  se mostram da mesma concepção e perspectivas.
 Não poderia ser diferente. O governador de Goiás é  Marconi Perillo (PSDB) o mesmo partido de Geraldo Alckmin.  Ao ler o depoimento do professor  me senti na escola em que trabalho. A minha   situa-se  no interior de São Paulo,  enquanto que aquela está em Goiânia.  Trata-se do mesmíssimo modus operandi.  É assim  que eles   agem:  mentindo, perseguindo e assediando moralmente  os trabalhadores da Educação.

Uma espécie de manejo burocrático, que faz parte da cartilha destrutiva do Estado Mínimo,  em execução  há décadas em São Paulo, ainda é  forte e tem feito várias vítimas  ano após ano. Não são de hoje as reclamações sobre  salas de aula superlotadas, assédio moral, imposição de uma rotatividade  nas escolas impedindo a manutenção do vínculo do professor com seu local de trabalho, e, mais recentemente as imorais divisões  da atividade em várias categorias – efetivos, licenciatura plena,, bacharéis, F, O,  alunos do último semestre,  alunos da diretoria, de outra diretoria,..  por pontuação, classificação-  e ainda os professores têm que submeterem-se a  “provas externas”  que só existem com o propósito de dividi-los mais  jogando uns contra os outros, pois tais provas  sugerem  supostas   “ determinadas competências”.

Tudo isso na verdade somente acentua  o assédio moral criando circunstâncias insustentáveis dentro do  ambiente de trabalho.:  demissões, “quarentenas”, contratos temporários, e outros tipos de imposições presentes na prática neoliberal.  Um verdadeiro crime contra a Educação.  Tudo isso, fica evidente e claro,  contribui para  desvalorizar ainda mais a profissão, humilhar a atividade de docência  e diminuir, ainda mais, os aviltantes salários.

É, lamentavelmente,  algo profundamente trágico.  A atividade  pedagógico-criminosa  e destrutiva desses governos não tem  limites.
A precariedade extrema dos professores da categoria  “O”,  um absurdo inimaginável a algum tempo  atrás, pode ser  comprovada pela não existência do direito de assistência médica pelo IAMSPE, pelo limite de abonadas  durante o ano, somente duas,  pelas demissões a que são submetidos todo final de ano de forma  inconteste.   Isso  tem gerado  até piadas por parte de professores que passaram pela escola  e hoje são aposentados.      “ É inacreditável que isso aconteça na Educação! (..)    falam até  que o professor da categoria  “O” tem um limite para usar o banheiro da escola!!?? .. e a Apeoesp não faz nada??”


O depoimento do colega de Goiás, em entrevista ao site Passa Palavra .info,  não permite outro interpretação dessa realidade  vergonhosamente inaceitável.


Professor Jeovane

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Todos os professores da escola se reuniram e decidiram que iam dar um basta nas pressões que a gente anda sofrendo. Professor Anônimo entrevistado por Passa Palavra



Um ano depois da implementação do Pacto Pela Educação em Goiás e do fim da greve por conta da titularidade, como analisado aqui por outros Professores Anônimos, recomeçam algumas mobilizações da base do professorado nas escolas. O caso que relatamos a seguir se deu em uma escola da região central da capital, que está em boas condições de funcionamento e estrutura física, e onde, com as mudanças na gestão, os professores vêm enfrentando pressões crescentes no ambiente de trabalho escolar..


 Passa Palavra: Você trabalha no quê?

Professor Anônimo: Dou aula no Estado faz mais ou menos três anos. Estou no fim do estágio probatório.

PP: O que aconteceu na sua escola?
PA: Todos os professores da escola se reuniram e decidiram que iam dar um basta nas pressões que a gente anda sofrendo.

PP: O que vocês fizeram?
PA: Chegamos na diretora e falamos assim: “Se vocês têm o direito de convocar reunião toda hora interrompendo as nossas aulas, nós também temos. Vamos reunir daqui a uma hora e discutir os problemas com o trabalho que a gente anda tendo”. Aí nós dispensamos os estudantes uma hora mais cedo e fomos conversar com a diretora.

PP: O que vocês conversaram com a diretora da escola?
PA: Chegamos nela e falamos que ela ia ter que retirar todas as últimas “obrigações” que eles andam cobrando sem parar da gente. Principalmente, a cobrança de relatórios de absolutamente tudo que a gente faz e os planos de aula detalhados diários. Se ela não retirasse, a gente simplesmente não ia fazer mais também. Falamos que a gente não se importava em perder essa merreca de bônus do reconhecer que tão oferecendo a esse preço tão alto.

PP: Qual foi a reação da diretora?
PA: A diretora desabafou que a Secretaria anda tratando os diretores “que nem cachorros”. Que eles ficam cobrando o tempo todo coisas que nem sempre ela entende direito, que uma vez ela não viu um e-mail e ligaram para ela ameaçando destituí-la se ela não se retratasse da omissão que ela cometeu ao não cumprir o que estava naquele e-mail, entre outras coisas. E que já que a gente tinha decidido não fazer, ela não tinha condição de impor isso. Depois começou a reclamar de uns professores que faltavam muito, mas aí já tinha acabado a reunião.

PP: O que levou a que acontecesse essa “manifestação”?
PA: Então, a gente vem sofrendo muita pressão o tempo todo das coordenações e direções de escola. As coisas vão se acumulando. Essa exigência diária dos relatórios completos, cortaram o tempo de recreio como tempo de hora-aula, a gente não pode faltar um dia que está o coordenador cobrando [exigindo] explicações e falando que a gente vai perder o bônus… mas o estopim foi há alguns dias atrás. Veio uma técnica da Secretaria da Educação e ficou dando bronca [ralhando] na gente, falando que a gente tinha que escrevinhar tudo o que a gente fazia, que acabou a vida boa de não precisar escrevinhar as coisas… e aqui tem professores que dão aula faz mais de vinte anos, é um absurdo vir esse pessoal cobrar da gente como que temos que dar e planejar as aulas. Então, com essa vinda da técnica a gente meio que resolveu dar um basta e chamamos essa reunião.

PP: Quem ficou mais à frente dessa chamada e da reunião?
P.A.: Foram os professores mais velhos, mais experientes, com melhor condição econômica. A maioria já tem carro bom, realmente não precisa desse bônus. São professores dedicados a dar aula, não são preguiçosos, mas também não aceitam qualquer coisa. Tem umas professoras aqui, por exemplo, que não aceitaram mudar para o regime integral. Elas iam ganhar mais 3 mil reais, mas iam trabalhar o dia inteiro. Não aceitaram. Eu estou no probatório, não posso me expor muito, não falei muito na reunião, mas… pensei que pelo menos os relatórios com certeza eu não vou entregar.

PP: O que você acha que vai acontecer agora?
PA: Eu realmente não sei… mas acho que a educação no estado é um barril de pólvora prestes a explodir. A gente não está aguentando mais. Se os professores mais velhos de escolas boas estão se mobilizando assim, sei não… acho que vai acontecer alguma coisa maior logo  logo.

Fonte: site Passa Palavra.info

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