Em meados do século XX, na Europa
Ocidental existia uma subunidade especial da Aliança Atlântica, admite Daniel
Ganser, autor do livro Exercito Secreto da OTAN. A pesquisa do historiador
suíço foi publicada na Rússia.
É bem provável que uma das
maiores confrontações do século XX – entre a Aliança Atlântica, encabeçada
pelos EUA, e o Pacto de Varsóvia com a URSS à frente tenha sido levada a cabo
também em forma dissimulada. Para enfrentar o perigo de intrusão soviética, nos
países da Europa do Oeste, no início da década de 50, começam a surgir
Exércitos secretos. Daniel Ganser, professor catedrático da Universidade de
Basiléia, perito em História contemporânea e relações internacionais do período
pós-guerra, revelou à VR alguns segredos da OTAN.
"Os meus colegas diziam-me
com freqüência – a OTAN nunca teve Exércitos secretos! E todo o mundo pensava
assim. Depois, em 1990, o primeiro-ministro italiano, Julio Andreotti, terá
confirmado a existência de Exércitos secretos em todos os países europeus
filiados da OTAN. Na Itália, por exemplo, tal Exército se chamava Gládio. O
maior objetivo comum prevenir a eventual ofensiva soviética que, durante a
guerra fria, acabou por não se realizar. Por isso, criava-se a impressão de os
Exércitos terem ficado de braços cruzados, sem fazer nada. Mas na realidade não
era assim, já que serviam para manipular mudanças do clima político em alguns
países."
Entre estes figuram a França,
Bélgica, Suíça, Suécia, Turquia, Itália, Grécia, Áustria, Espanha, Portugal e
Finlândia. Uma das tarefas perseguidas por destacamentos secretos era a mudança
do rumo político de um ou outro país. Um dos métodos utilizados foram os atos
terroristas, adianta o historiador. Neste contexto, propõe examinar algumas
explosões que se deram naquela altura. Por exemplo, a explosão de uma bomba na
sala de espera da Estação Ferroviária em Bolonha em dois de agosto de 1980 que
fez 85 mortos e 200 feridos. Naquele mesmo ano, foram detonados explosivos na
festa da cerveja Oktoberfest em Munique.
O autor da investigação supõe
ainda que a atividade dos Exércitos secretos se tenha relacionado, de forma
direta, com os atos bombistas citados acima. Os agentes haviam infiltrado em
organizações terroristas e se viram obrigados a participar em ações de terror
para não serem denunciados.
"Era uma coisa incrível
saber que na Europa o terrorismo fosse praticado através de estruturas
públicas! Recorde-se como em 1985, no governo do Presidente socialista
Mitterrand, a França procurava realizar testes nucleares num dos atóis do
Oceano Pacífico e os ativistas do Greenpeace se dirigiram para lá num barco
para impedi-lo. Ao fim e ao cabo, para se livrar deles e efetuar ensaios da
bomba atômica, os serviços secretos franceses cometeram um ato terrorista
contra a embarcação dos Verdes que vitimou um jornalista. Quanto ao atentado
terrorista em Nova York, seria errado supor este ter sido perpetrado pelos
serviços especiais norte-americanos e não por Osama Bin Laden. A verdade, pelos
vistos, está no meio, ou seja, consiste em que os serviços secretos pudessem
ter conhecimento da preparação pela Al-Qaeda de atos terroristas, mas
preferiram não o impedir para facilitar o acesso dos EUA às jazidas de petróleo
e gás no Médio Oriente."
Com base no livro Exercito
Secreto da OTAN, o realizador de cinema Emanuel Amaro filmou um documentário
que foi exibido pelas TVs belga, suíça e francesa. A propósito, existe ainda
versão cinematográfica dos segredos da OTAN – Daniel Ganser viu protótipo de um
destacamento secreto da Aliança numa organização enigmática Treadstone que se
encontra atrás das costas de assassinos anônimos dos EUA no famoso filme
Identidade Desconhecida.
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