Foto crédito: 3.bp.blogspot
A Lei que cria a Comissão da
Verdade (CNV) foi sancionada pela presidente Dilma Roussef e prevê a apuração
das graves violações aos direitos humanos e/ou crimes de lesa-humanidade, entre
1946 e 1988, mas não tem caráter punitivo. A CNV trouxe à tona o debate sobre a
necessidade de apurar os crimes praticados pela ditadura militar, amplamente
apoiada pelo imperialismo norte-americano e por diversos setores da sociedade,
como a TFP – Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade,
os principais jornais do país e empresários de todos os ramos.
A CNV tem como tarefa
institucional estabelecer as circunstâncias em que aconteceram as mortes,
torturas e outros crimes praticados pelos agentes do Estado. Em seu trabalho, a
Comissão Nacional da Verdade deverá levar em consideração a íntima relação das
elites civis com os ditadores militares desde o golpe que os levou ao poder.
Os membros da CNV deverão ser
escolhidos pela presidente Dilma Roussef, com base em critérios como conduta
ética e atuação em defesa dos direitos humanos. No entanto, até agora a
presidente não nomeou os integrantes da comissão e essa indefinição tem aberto
espaço para a ação das forças direitistas contra a comissão.
De um lado, militares,
especialmente os da reserva, que mais uma vez tentam intimidar os brasileiros
com ameaças como “a história pode se repetir” – onde deixam explícito seu
intento de voltar a censurar, prender, torturar e matar. Com esse objetivo,
eles têm se organizado, tentando participar da CNV para que a verdade sobre
seus crimes permaneça desconhecida do povo brasileiro.
Por outro lado, há um conjunto de
ações protagonizadas pela sociedade, especialmente pela juventude, que saiu às
ruas abraçando a bandeira da reconstrução da memória, da verdade e da justiça.
E o fazem, porque sabem que o capital que sustentou a ditadura é o mesmo que
protege os torturadores hoje.
Vale ressaltar que a luta pela
verdade e justiça ainda está muito atrasada no Brasil. Basta dizer que, entre
os países que integraram a OPERAÇÃO CONDOR ( aliança secreta entre Brasil,
Argentina, Chile e Uruguai, orquestrada pelos Estados Unidos, entre os anos de
1960 e 1970, para combater movimentos de esquerda ), só o Brasil não instalou a
Comissão da Verdade, nem começou a PUNIR os militares que cometeram crimes de
LESA HUMANIDADE.
O Comitê de Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou, em 02 de novembro de 2005, que
o Brasil tornasse públicos os documentos relevantes sobre os crimes cometidos
durante essa fase do país, RESPONSABILIZANDO SEUS AUTORES. A Corte Interamericana
de Direitos Humanos, um órgão da OEA – Organização dos Estados Americanos, já
CONDENOU o Brasil por não esclarecer os fatos, não prestar a reparação dos
parentes de vítimas, nem PUNIR OS RESPONSÁVEIS PELA REPRESSÃO.
Sabemos que o aparato repressivo
da ditadura não foi desmontado totalmente e deixa suas marcas nos milhares de
jovens, em sua maioria, negros, exterminados nas favelas e meninas violentadas.
Portanto, uma Comissão Nacional da Verdade que faça JUSTIÇA – por meio da luta
e do apoio popular – é dar um passo para avançar na construção de uma sociedade
comprometida com a MEMÓRIA, com a VERDADE e com a JUSTIÇA.
Fonte: site PCB e Movimento pela Memória, Verdade e Justiça.
Maio de 2012.
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