Após o desenrolar de fatos, notas e outros registros narrados pelos jornalistas Marcello Neto e
Rogério Medeiros, sobre a ditadura e seus crimes algo de fato difuso está por
vir. Ou não!
Pelos idos dos anos 70, em seu princípio, as intensas perseguições e segregações, que
culminaram com prisões e torturas seguidas por assassinatos
eram muito comuns, a propósito assaz corriqueiras. As similaridades dessas práticas com aquelas
difundidas pelo nazistas saltavam aos olhos de muitos, todavia em termos historiográficos, parecia
nada acontecer que lembrasse os horrores
levados a cabo por Hitler, seus comparsas e admiradores.
Tentar
tachar aqueles idos ou anunciá-lo e identificá-lo como próximo a um regime genocida e terrorista era
considerado um exagero, uma blasfêmia. Um absurdo
incomensurável tipificado como acusação
infundada e infame.
Todavia a morte estava ali fria e assídua como os nazistas
que ceifaram milhões de seres humanos em sua loucura em defesa de uma suposta superioridade
racial. Uma porção, não pouco considerável dos militares, “ anos de chumbo”, comungaram com essa teoria estúpida e medíocre. O mesmo fenômeno estúpido
que fazia alavancar e prosperar na Alemanha da segunda metade do século XIX
as “ Associações Gobinistas”. Elas estavam por lá e multiplicavam-se na calada da imprensa. Havia
uns poucos que as
denunciavam. Mas não foi suficiente.
A queima de cadáveres para que
não fossem posteriormente
identificados era algo muito comum entre os nazistas e, hoje sabemos,
também praticada pelos militares
brasileiros . Marcelo e Rogério, ambos jornalistas brasileiros de hoje, confirmam a existência do fenômeno
em suas narrativas contidas na obra Memórias de uma guerra suja.
O rito, o modus operandi era o mesmo. A ideologia portanto era a mesma. Tal qual os raciialistas, como Arthur de
Gobineau, tão difundido, como já mencionei
na Alemanha de Bismarck, influenciaria os nazistas com sua tese de
superioridade ariana durante o século
posterior, os torturadores da ditadura se alimentavam pelo mesmo tipo de
interpretação, portanto pela mesma essência de pensamento.
O livro tem nesse sentido uma
importância extremamente especial
pois anuncia que muito ainda há por
descobrir. Milhares de acontecimentos,
que envolviam as concepções,
contradições e ações de
muitos militares e seus colaboradores diversos, sequer foram registrados pela historiografia
oficial. A história de grandes e
notáveis teoristas é, muitas vezes, a de homens que foram alvo de grande
irrisão. Muitos que, inclusive nos atuas
dias, se propõem a discorrer sobre tais
temas são vitimados em intenso bombardeio de escárnio.
Aqueles que assim pensam , que
portanto os combatiam não possuíam a
mesma sensatez e sutileza de espírito, nem a mesma caridade . Quantos não atacaram os que não concordassem com suas caracterizações . Os processos que atuaram e atuam nos nossos
dias são os mesmos de eras transitadas. Aquela máxima de Marx, ao se referir as relações
humanas: "A história se repete, a
primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”, é muito atual.
Aquela velha política de se opor
a abertura dos arquivos, defendida por muitos , inclusive até por algumas personalidades tidas
como democráticas, esconde algo mais grave. A direita, seus colaboradores e suas vertentes mais arraigadas, será que têm algo a esconder? Parece que há algo de estranho no ar!!
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