O advogado da família de Victor
Jara solicitou ao Exército para colaborar com o esclarecimento da morte do
cantor e compositor chileno, depois que uma reportagem na televisão revelou a identidade
do suposto executor do crime.
“Levamos 38 anos esperando que o Exército
entregue os antecedentes do caso e não o fizeram. “ É vergonhoso que não
tenhamos nenhuma colaboração desta instituição e não apresentaram nenhum nome
ao processo”, afirmou o advogado Nelson Caucoto, citado pela Rádio Universidad
de Chile.
O programa “Em La mira”, do Chilevisión
indicou como autor do assassinato, o ex- tenente Pedro Pablo Barrientos Núñez,
que vive desde 1990 na Flórida, Estados Unidos, revelou o ex-recruta do
Exército José Paredes, que assegurou que Barrientos “disparou quase a queima
roupa, porque Victor não respondia, acho que com isso ficou louco e atirou
nele, disse.
Paredes acrescentou que no momento do
homicídio havia outros ex-funcionários com Barrientos, responsáveis pelas
torturas e pelas numerosas feridas de balas que sofreu o artista.
A televisão chilena tornou público que, há
duas semanas, o departamento de investigações dos Estados Unidos ouviram
declarações do acusado que negou sua participação no brutal assassinato. “Não
tenho que enfrentar a justiça, porque eu não matei ninguém; fui várias vezes no
Chile, mas agora não vou ir”, alegou Barrientos.
Investigação
Após a transmissão do programa a diretora da
Fundação Victor Jara, Gloria König disse que o ex- militar deve se apresentar
para fazer declarações para a Justiça. “ Não há ninguém em nosso país que possa
dizer que não tem que vir falar com a Justica” enfatizou.
A respeito da investigação judicial, König
lamentou a constante mudança de juízes o caso teve. “Victor completaria 80 anos. A metade de sua vida entregou a este
país beleza, poesia, música e a outra metade está na mais absoluta impunidade”,
criticou.
Disse também que a investigação deve indicar
quem deu a ordem de assassinar o cantor.“Está a responsabilidade histórica que
a Justiça chilena tem de abrir as linhas de investigação que permitam chegar a
verdade, que tem sido escondida por tantos anos”
Ditadura
O autor de peças antológicas do cancioneiro
latino-americano como “Te recuerdo Amanda” e "Plegaria del Labrador"
foi preso na Universidad Técnica do Estado no dia 12 de setembro de 1973, um
dia após o golpe militar contra o presidente Salvador Allende (1970-1973), e
levado até o Estádio Nacional, convertido no centro de torturas e crimes da
ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Victor Jara foi encontrado quatro dias depois
de sua prisão num caminho rural de Santiago com 33 balas e 53 lesões no corpo.
Segundo a autópsia oficial, o tiro que o matou foi na cabeça.
Fonte: Prensa Latina
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