A Comissão da Verdade,expediente formal extremamente importante para se dar início a apuração dos crimes cometidos pelos ditadores , adeptos do nazifascismo, que governaram durante o “Estado de Exceção” assim como aqueles que diretamente colaboraram com os assassinatos e desaparecimentos, já produz algumas de suas expectativas previsíveis.
As críticas que surgiram na ocasião de sua proclamação, muitas delas relacionadas a sua composição, parecem que estavam corretas. É bem verdade que a Comissão anunciou algo de inovador e que sugeria, ao menos em tese, resultados próximos aqueles proclamados pelos nossos vizinhos no Uruguai e na Argentina . Pensar numa Comissão de tal magnitude e objetivos ser composta por personalidades questionáveis e muito distantes das lutas em defesa dos Direitos Humanos, é algo muito preocupante e comprometedor.
Há de se imaginar se Paulo Maluf estivesse em voga e, por um infortúnio circunstancial, fosse escolhido para fazer parte de tal Comissão o que diriam os familiares de milhares de desaparecidos que se foram em período em que Maluf era autoridade no estado de São Paulo? Ele foi, declaradamente, apoiador e colaborador desse regime de morte.
Quando o grande brasileiro e inesquecível Leonel Brizola, em determinada circunstância, com seu estilo, coragem e dedicação ao Brasil, históricos disparou: “és um filhote da ditadura”, os lacaios da assassina ditadura não gostaram. Maluf foi governador “biônico”, termo cunhado pelos observadores do condenável e imoral regime, e sabedor , por circunstâncias axiomáticas, de muitos expedientes de seus mandatários militares.
A matéria abaixo possui indícios muito preocupantes. Vamos a ela.
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Escolha dos membros para Comissão da Verdade paulista decepciona autor do projeto
Para o deputado estadual Adriano Diogo (PT), nomes escolhidos pela presidência da Alesp para compor o grupo de trabalho foi 'uma distribuição burocrática'
Adriano Diogo disse que escolha foi feita para esvaziar comissão (Foto: Alesp)
São Paulo – O autor do projeto que cria a Comissão da Verdade em São Paulo, deputado estadual Adriano Diogo (PT), desaprovou os nomes escolhidos pelo presidente da Assembleia Legislativa paulista, deputado Barros Munhoz (PSDB), para compor o grupo de trabalho que irá apurar atos de violações dos direitos humanos, ocorridas no estado a partir de 1964, durante período de ditadura.
“Eu sei que eles fizeram uma distribuição burocrática, sem levar em conta as aptidões, uma distribuição formal, sem nenhum cuidado. Eu fiquei totalmente decepcionado com esse começo”, lamentou Adriano Diogo. Ele ainda ironizou dizendo que o PSDB deve ter escolhido os nomes, e que a intenção foi a de esvaziar a comissão.
Os parlamentares escolhidos como membros permanentes são Marco Zerbini (PSDB), André Soares (DEM), Ed Thomas (PSB), Ulysses Tassinari (PV) e o próprio Adriano Diogo. Como membros substitutivos, compõe a lista os deputados João Paulo Rillo (PT), Mauro Bragato (PSDB), Estavam Galvão (DEM), Orlando Bolçone (PSB) e Regina Gonçalves (PV).
A insatisfação do autor do projeto poderá resultar ainda em trocas desses nomes. “As pessoas que queriam participar da comissão não puderam compor, foram vetadas. Como eu não esperava que fosse sair essa composição, eu preciso ouvir essas pessoas na semana que vem, vou tentar alguma substituição”, informou o deputado.
Adriano Diogo falou ainda que pretende realizar um trabalho em conjunto com a Comissão Nacional da Verdade, entretanto, os detalhes de como se dará essa tarefa, só poderão ser divulgados após a efetiva implantação das duas frentes. "Precisamos eleger a presidência, a relatoria. Pelo andar da carruagem, a coisa não está indo bem não", disse.
Como os trabalhos legislativos da próxima semana estarão comprometidos pelo carnaval, na semana seguinte esses nomes deverão ser escolhidos pelos membros da comissão e os trabalhos já devem ter início.
Fonte: de Raoni Scandiuzzi, Rede Brasil Atual
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