A Minustah, lamentavelmente, fracassou em relação aos objetivos
estabelecidos pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ou melhor: o único
objetivo que cumpriu foi o de ocupar militarmente o País a serviço dos
interesses que não são os do irmão povo haitiano. Sua presença responde a uma
política que priva a população de sua cidadania, seus serviços públicos, sua
terra, seus bens naturais. O Haiti não deve ser mais um laboratório da economia
e da “segurança” neoliberal, políticas que geraram ainda a dívida, uma arma
adicional contra os povos, como vemos em toda a América, o Sul do Globo e agora
também na Europa.
Averdade- No 1º de junho, uma série de atos
exigiram a saída imediata das tropas da Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti (Minustah) e o fim da intervenção estrangeira no país. A
seguir o manifesto das entidades democráticas da República Dominicana
denunciando as constantes agressões das tropas da ONU ao povo haitiano.
Há exatamente nove anos, em 1º de
junho de 2004, as tropas militares da Minustah,
a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, invadiam este país
irmão sob o pretexto de uma suposta “estabilização”, que nunca chegou. Tudo ao
contrário!
Em lugar de melhorar a situação
gerada pelo golpe de Estado de 2004, a Minustah aumentou os níveis de violência
contra um povo despojado de todos seus direitos, debaixo da opressão de um
sistema baseado no trabalho semiescravo, do desemprego de 70% da população
economicamente ativa e dos salários subumanos.
Ao invés de promover a paz, as
tropas da ONU cometem violações sistemáticas dos direitos humanos essenciais da
população e importaram o cólera, doença que, até agora, deixou mais oito mil
mortos e de 600 mil enfermos. Expressamos nossa especial indignação frente à
atitude da ONU, que preferiu evocar a imunidade de suas tropas a fim de
rechaçar qualquer indenização às famílias das vítimas diretas e da reparação
dos imensos danos causados ao País.
Por onde se olha, é inconcebível
sustentar que a Minustah – militares e policiais que provêm, em sua maioria, da
Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala,
Paraguai, Peru, Uruguai – devem permanecer no Haiti.
Em 2011, o Senado haitiano votou,
por unanimidade, pela retirada das tropas da Minustah para o ano de 2012. Os
ministros da Defesa dos países da Unasur apontaram a necessidade de reduzir a presença
de suas tropas e estabelecer um plano de retirada em junho de 2012, mesmo que
este compromisso tenha ficado apenas em palavras. As organizações haitianas
realizaram inúmeras manifestações massivas contra a presença da Minustah,
incluindo funerais simbólicos em Petite Riviére de l’Artibonite e Porto
Príncipe, em outubro de 2011. Ações judiciais estão em curso contra a ONU pela
introdução do cólera, e um conjunto de associações chamado Kolektifòganizasyon
pou dedomajeviktimkolerayo trabalha sem descanso para fazer justiça sobre o
caso.
A Minustah, lamentavelmente,
fracassou em relação aos objetivos estabelecidos pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas. Ou melhor: o único objetivo que cumpriu foi o de ocupar
militarmente o País a serviço dos interesses que não são os do irmão povo
haitiano. Sua presença responde a uma política que priva a população de sua
cidadania, seus serviços públicos, sua terra, seus bens naturais. O Haiti não
deve ser mais um laboratório da economia e da “segurança” neoliberal, políticas
que geraram ainda a dívida, uma arma adicional contra os povos, como vemos em
toda a América, o Sul do Globo e agora também na Europa.
Haiti não necessita de tropas
militares nem da Minustah nem de nenhum outro país!
Haiti necessita do reconhecimento
de sua dignidade, seu potencial e direito à autodeterminação, como todo povo!
Necessita que lhe tirem de cima
as mãos e botas que o dominam. Necessita de médicos, sanitaristas, educadores,
engenheiros, técnicos, todos eles a serviço da reconstrução que o povo haitiano
reclama, um povo historicamente dizimado, mas que conserva a dignidade de ser o
primeiro país livre e antiescravista da Nossa América.
Por tudo isto, neste 1º de junho, convocamos a nos mobilizarmos para
exigir:
- Retirada imediata da Minustah e
todas as tropas militares do território haitiano;
- Fim da ocupação econômica e do saque,
incluindo a supressão dos acordos de livre comércio;
- Reconhecimento dos crimes cometidos pela
Minustah, incluindo a introdução do cólera, a punição aos responsáveis e a
indenização das vítimas;
- Restituição e reparação da dívida histórica,
financeira, social e ecológica que se deve ao povo do Haiti;
Movimento de Trabalhadores Independente (MTI)
Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)
Corrente do Magistério Juan Pablo Duarte
Juventude Caribe
Frente Estudantil Flavio Suero (Feflas)
Fórum Social Alternativo (FSA)
Frente Universitária Renovadora (FUR)
Frente Ampla (FA)
Fonte: site Averdade.org
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