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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Estagiária se recusa a alisar cabelo e é hostilizada.



Alguém, muito sabiamente,  um dia asseverou que há na Ciência muita coisa interina. Ela, por conseguinte aceita o desconhecido, porém jamais o incognoscível

Precisamos ter uma tolerância maior  para com as  formas de civilização diferentes da nossa, na verdade devemos aceitá-las com  todas as suas peculiaridades intrínsecas, mesmo porque, e isso já está mais do que comprovado, só existe uma raça:  a raça humana.

“Precisamos aprender, e isso não é algo novo, a olhar as civilizações diversas com mais simpatia e com a convicção de que, assim  como todas as civilizações e povos contribuíram no passado para  o pregresso cultural,  e também no futuro, e isto é certo,  serão capazes  de favorecer os interesses e necessidades da humanidade bastando para isso que nos disponhamos  a dar-lhe o merecido ensejo”

Ao longo da grande odisséia  dos humanos no planeta Terra,  em sua magnífica  evolução e  desenvolvimento no sentido de superar barreiras e transpor  dificuldades,  processos espetaculares  e excepcionais se deram no campo das miscigenações.  Não há que se falar em raça superior ou inferior.  Se assim for,  é puro preconceito e deve ser questionado veementemente.



Ocorreram e ocorrem fusões  nessa magnífica seara da miscigenação.  Hoje mais do que nunca.     As etnias  entremisturaram- se em formidáveis proporções. E nesse natural processo  as etnias mais velhas estão voltadas a se absorverem ao complexo mais amplo que se acha em formação.      Tais  fusões,  aceitem ou não os  racialistas de toda a sorte, prossegue forte  a revelia de estúpidas normas, decretos ou leis de cunho racial oriundas de genealogias régias( naturalmente fétidas ), ditadores, parlamentos, e dogmatistas raciais.

Há uma  espécie de vaga  que ultimamente tem tomado, como já disse outrora noutra matéria , os meios de comunicação de maneira insistente  e imoral causando grande desconforto social.

 As questões pertinentes a etnia , cor da pele, orientação sexual e outros do gênero, com grande gama de preconceitos,  explodem em várias regiões do país.   Tudo indica, e  parece, que  ele é mais renitente no Sul e no Sudeste  sobretudo em certas regiões da  cidade de São Paulo. Tal vexame lamentável ocorre onde menos se espera  alimentado por perspectivas medonhas e sustentadas por ideologias que defendem valores absurdos e  defectivos.

A matéria que segue abaixo é um  exemplo desse fenômeno  condenável que, ao que sugere, se arrasta inusitadamente dentro de uma instituição de ensino.     Mesmo quando,  há muito, fora desmascarado e destituído de qualquer valor aceitavelmente humano.          Vamos a ela!


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Segundo funcionária do Colégio Internacional Anhembi Morumbi, diretora diz que é preciso "boa aparência"

Jorge Américo, da Radioagência N

A estagiária Ester Elisa da Silva Cesário acusa seus patrões de perseguição e racismo. Conforme Boletim de Ocorrência registrado no dia 24 de novembro, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo, ela teria sido forçada a alisar o cabelo para manter a “boa aparência”. A diretora do Colégio Internacional Anhembi Morumbi ainda teria prometido comprar camisas mais cumpridas para que a funcionária escondesse os quadris.

Ester conta que foi contratada no dia 1º de novembro de 2011, para atuar no setor de marketing e monitorar visitas de pais interessados em matricular seus filhos no colégio, localizado no bairro do Brooklin, na cidade de São Paulo. A estagiária afirma ter sido convocada para uma conversa na sala da diretora, identificada como professora Dea de Oliveira. Nos dias anteriores, sempre alguém mandava recado para que prendesse o cabelo e evitasse circular pelos corredores.

“Ela disse: ‘como você pode representar o colégio com esse cabelo crespo? O padrão daqui é cabelo liso’. Então, ela começou a falar que o cabelo dela era ruim, igual o meu, que era armado, igual o meu, e ela teve que alisar para manter o padrão da escola.”

Além das advertências, Ester afirma ter sofrido ameaças depois de revelar o conteúdo da conversa aos demais funcionários do colégio. Eles teriam demonstrado solidariedade ao perceber que a estagiaria estava em prantos no banheiro.

“Depois disso, eu me vesti para ir embora e, quando estava saindo, ela me parou na porta e disse: ‘cuidado com o que você fala por aí porque eu tenho vinte anos aqui no colégio e você está começando agora. A vida é muito difícil, você ainda vai ouvir muitas coisas ruins e vai ter que aguentar’.”

Colégio se defende

Após contato da reportagem, um funcionário indicado pela Direção do Anhembi Morumbi informou que a instituição não recebeu nenhuma notificação sobre o registro do Boletim de Ocorrência. Ele negou a existência de preconceito e se limitou a dizer que “o colégio zela pela sua imagem e, ao pregar a ‘boa aparência’, se refere ao uso de uniformes e cabelo preso”.

A advogada trabalhista Carmen Dora de Freitas Ferreira, que ministra cursos no Geledés – Instituto da Mulher Negra – assegura que a expressão “boa aparência” é usada frequentemente para disfarçar preconceitos.

“Não está escrito isso, mas quando eles dizem ‘boa aparência’, automaticamente estão excluindo negros, afrodescendentes e indígenas. O padrão é mulher loira, alta, magra, olhos claros. É isso que querem dizer com ‘boa aparência’. E excluir do mercado de trabalho por esse requisito é muito doloroso, afronta a Lei, afronta a Constituição e afronta os direitos humanos.”

Métodos conhecidos

De acordo com o depoimento da estagiária, as ofensas se deram em um local reservado. A advogada explica que essa prática é comum no ambiente de trabalho, além de ser sempre premeditada.

“O assediador sempre espera o momento em que a vítima está sozinha para não deixar testemunhas, mas as marcas são profundas. O preconceito é tão danoso, que ele nega direitos fundamentais, exclui, coloca estigmas, e a pessoa se sente humilhada, violentada. Quando o assediador percebe a extensão do dano, ele tenta minimizar, dizendo ‘não foi bem assim, você me interpretou errado, eu não sou discriminador, na minha família, a minha avó era negra’.”

Ester ainda afirma que teria sido pressionada a deixar o trabalho, ao relatar o ocorrido a uma conselheira do Colégio. Como decidiu permanecer, passou a ser vigiada constantemente por colegas.

“Eu estou lá e consegui passar numa entrevista porque sou qualificada para o cargo, mas ela não viu isso. Ela quis me afrontar e conseguiu abalar as minhas estruturas emocionais a ponto de eu me sentir um lixo e ficar dois dias trancada dentro de casa sem comer e sem beber. Você pensa em suicídio, se vê feia, se sente um monstro.”

Sequelas e legislação

Ester revela que as situações vividas no trabalho mexeram com sua auto-estima e também provocaram grande impacto nos estudos e no convívio social.

“Desde que isso aconteceu, eu não consigo mais soltar o cabelo. Quando estou na presença dela eu me sinto inferior, fico com vergonha, constrangida, de cabeça baixa. É a única reação que eu tenho pela afronta e falta de respeito em relação a mim e à minha cor.”

O Boletim de Ocorrência foi registrado como prática de “preconceito de raça ou de cor”. A Lei Estadual nº 14.187/10 prevê punição a “todo ato discriminatório por motivo de raça ou cor praticado no Estado por qualquer pessoa, jurídica ou física”. Se comprovado o crime, os infratores estarão sujeitos a multas e à cassação da licença estadual para funcionamento.

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