Brasil-Diario Liberdade- Nove
anos depois do Massacre de Felisburgo, mais dois réus foram julgados e
condenados. Na madrugada desta sexta-feira (24/01), o juiz Glauco Eduardo
Soares Fernandes anunciou a pena de 102 anos e seis meses de prisão para os
dois pistoleiros, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco
de Souza pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e incêndio durante a
invasão do acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do
Jequitinhonha.
O julgamento dos réus teve início
na manhã de quinta-feira (23/01) no 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette em
Belo Horizonte. Três testemunhas de defesa, além dos réus, foram ouvidas
durante a sessão.
Para o MST a condenação de mais
dois réus do Massacre é importante e traz um sentimento de justiça aos Sem
Terra da região, pois os dois pistoleiros são os únicos que residem em
Felisburgo.
Porém, como todos os réus do
crime continuam em liberdade, a ameaça é constante contra os trabalhadores
acampados, que temem uma retaliação por parte da oligarquia local devido à
condenação dos pistoleiros.
Segundo o dirigente estadual do
MST em Minas Gerais, Samuel Costa, devido a tensão eminente na região, o MST
exige do Poder Judiciário a prisão imediata de todos os réus condenados pelo
Massacre de Felisburgo.
“A liberdade dos réus até o
momento representa todo o poder da oligarquia rural da região do Vale do
Jequitinhonha, que se empenha até o último momento para tentar absolver os
réus”, denuncia.
O promotor Christiano Leonardo
Gonzaga Gomes apontou que vários depoimentos confirmam a presença dos dois réus
entre os indivíduos que invadiram o acampamento, que resultou no incêndio e
ataque a tirou contra as famílias acampadas, culminando no assassinato de cinco
trabalhadores Sem Terra e 12 feridos.
Em outubro do ano passado, o
mandante do Massacre e réu confesso, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, foi
condenado a 115 anos de prisão. Chafik foi considerado culpado por ser o
mandante e ter participado do ataque ao acampamento.
Nesse júri, o capataz Washington
Agostinho da Silva também foi condenado a 97 anos e seis meses de prisão.
Apesar da condenação, até o momento os dois não foram presos e seguem
aguardando o julgamento dos recursos em liberdade.
Massacre de Felisburgo
O Massacre de Felisburgo
aconteceu em 20 de novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, na fazenda
Nova Alegria, no município de Felisburgo. Na ocasião, cinco trabalhadores
rurais foram assassinados e outras 12 pessoas, entre elas uma criança de 12
anos, ficaram feridas. Além disso, 27 casas e uma escola foram incendiadas.
As famílias Sem Terra, vítimas do
massacre montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e já haviam
denunciado à Polícia Civil várias ameaças realizadas pelo fazendeiro contra as
famílias acampadas.
No mesmo ano, 567 dos 1.700
hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terras de Minas Gerais
(ITER) como terras devolutas, ou seja, área do Estado que deveria ser devolvida
para as famílias acampadas e transformado em assentamento de Reforma Agrária.
Os cinco trabalhadores foram
executados com tiros à queima-roupa. O fazendeiro Adriano Chafik, principal réu
no caso, confessou ter participado do crime, mas poucos dias depois, conseguiu,
por meio de um habeas corpus, o direito de responder ao processo em liberdade.
A partir de manobras jurídicas,
Chafik conseguiu adiar o julgamento por várias vezes e chegou a ser preso no
ano passado, mas foi solto poucos dias depois. Em outubro passado, o fazendeiro
foi condenado a 115 anos de prisão como mandante do crime e Washington pegou 97
anos e seis meses.
Eles foram beneficiados por uma
liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e aguardam recurso em liberdade.
Com informações do Portal Minas
Livre.
Fonte: MST e Diario
liberdade
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