Venezuela - Daniel Vaz de
Carvalho Durante algumas semanas a comunicação social esmerou-se a dar um ar de
caos ao que se passava na Venezuela. O "regime" chavista de Maduro
estaria perante o descalabro económico, social e político aproximando-se as
eleições de 8 de dezembro.
De repente os papagaios perderam
o pio, uma notícia lacónica e falsa, falava da maioria do PSUV, mas com
crescimento da oposição.
Nunca um governo
anti-imperialista e popular é tratado como tal: é um "regime". Como
fariseus esmeram-se à procura do que pode ser apresentado como negativo, sempre
imputado ao "regime". Nos países submetidos ao imperialismo tal é
sempre devido à contestação radical de "extremistas" que
"provocam a violência", ou "impedem que as reformas estruturai
sejam realizadas".
Adiante. Na Venezuela, a operação
de desestabilização, uma cópia do que antecedeu o golpe criminoso de Pinochet,
que estes "democratas-cristãos" e social-democratas aliados aos
fascistas desejam repetir, fracassou. Neste processo criminoso dos
"democratas" do capital, para criar um clima de medo foram
assassinados 21 jovens militantes bolivarianos entre abril e outubro.
O PSUV e aliados (Gran Polo
Patriótico) reforçaram a diferença para a oposição coligada com mais um milhão
de votos (contra 300 000 na eleição de Maduro) e uma diferença de 10 pontos
percentuais: 55% contra 45% da oposição chefiada por Capriles Radonski, o
fascista mascarado de social-democrata ao serviço dos EUA.
O PPSUV de Maduro obteve cerca de
76% dos municípios em disputa, 255 em 335.
Neste país que a UE não aceita
como uma democracia – ao contrário da Colômbia dos criminosos paramilitares –
em 14 anos de Revolução realizaram-se 19 atos eleitorais, sempre ganhos pelo
movimento bolivariano.
Note-se que em 40 anos de
alternância entre social-democratas e democratas cristãos (a democracia que os
oligarcas gostam) houve apenas 15 processos eleitorais, com a exclusão de uma
massa enorme de cidadãos impedidos de votar por serem analfabetos. Este
"regime", para o "mundo livre" uma democracia, procedia à
tortura, assassínio, desaparecimento de oposicionistas incluindo jovens
estudantes. Não consta que cá ou em qualquer país da UE os "bons
espíritos" da Internacional Socialista e dos direitos humanos se
preocupassem com o que se passava.
Jimmy Carter classificou o
sistema eleitoral venezuelano como o melhor dos 98 que tinha observado por todo
o mundo. Para a comunicação social controlada porém, continua a ser o
"regime" de Chavez ou Maduro que se esforçam por apresentar como
tresloucados.
Apenas um senão: a taxa de
abstenção foi de cerca de 40%, o que para um governo popular é demasiado. Talvez
se entenda sabendo que os chamados media estão 80% nas mãos da oposição.
Note-se ainda que segundo
inquérito da ONG "Latino barómetro", a Venezuela tem o sistema
democrático que bate todos os records de confiança dos cidadãos na América
Latina : 87%. Por exemplo, no México é de 21%.
Fonte: Diario liberdade e
Resistir
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