Palavras de ordem, por reforma
agrária e direitos humanos, afirmaram a unificação da luta entre militantes do
campo e da cidade
Mayrá Lima
da Página do MST
Cruzes nas mãos e bandeiras
vermelhas e coloridas. Esse foi o cenário da marcha que uniu, na quarta-feira
(15), cerca de 3000 pessoas pela Esplanada dos Ministérios em Brasília e
unificou militantes do MST, do Movimento LGBT, Quilombolas e sindicalistas na
defesa dos direitos humanos.
A marcha seguiu até o Supremo
Tribunal Federal, símbolo do Poder Judiciário, onde os manifestantes simularam
o Massacre de Felisburgo. Ao mesmo tempo, militantes LGBT também simularam a
violência e assassinatos de pessoas por causa de sua opção sexual. Palavras de
ordem afirmavam a unificação da luta entre militantes do campo e da cidade por
reforma agrária e direitos humanos.
Do lado dos trabalhadores rurais,
a indignação pelo adiamento, pela segunda vez neste ano, do julgamento de
Adriano Chafik, mandante confesso do Massacre de Felisburgo. No massacre,
ocorrido em 2004, cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa, além
de 20 pessoas feridas, inclusive crianças, todas do acampamento Terra
Prometida, em Felisburgo (MG). Chafik confessou ter participado do massacre,
mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao
processo em liberdade.
“Esse foi um dos maiores
massacres contra trabalhadores rurais da história do Brasil. A Justiça é
extremamente morosa quando os casos envolvem a morte de trabalhadores, mas é
extremamente eficiente para atender o latifúndio. Unificamos com outros
movimentos, pois a defesa da reforma agrária, do território quilombola e a
criminalização da homofobia é uma luta de todos os trabalhadores do campo e da
cidade”, explicou Francisco Moura, integrante da coordenação nacional do MST.
Do lado do Movimento LGBT, a luta
contra a homofobia, que também mata centenas de homossexuais em todo o Brasil,
sem que haja punição. “Estávamos na 4° Marcha contra a Homofobia, que acabou se
tornando uma grande marcha contra a violência no campo e a violência
homofóbica. Esta unidade foi importante para criar um contraponto necessário ao
avanço das forças conservadoras, como os fundamentalistas e os ruralistas, que
travam a pauta da reforma agrária e dos direitos humanos no Brasil”, afirmou
Vinicius Alves, secretário da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
Representantes do Quilombo Rio
dos Macacos (BA) somaram-se ao protesto, com cruzes e camisetas. “Sofremos o
abuso da Marinha, mas somos resistentes e continuaremos lutando pelos direitos
dos quilombolas e o nosso território”, disse Olinda de Oliveira, moradora do
quilombo.
Desde a semana passada, eles
estão acampados no Acampamento Nacional Hugo Chávez, em Brasília, onde
participam de atividades em defesa do seu território, instalado há mais de 200
anos em Simões Filho, região metropolitana de Salvador.
(Foto: Antonio Cruz / ABr)
Fonte: Brasil de Fato
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