Havana –PL- Os problemas que afetam a sociedade
estadunidense, particularmente a deterioração da situação econômica e uma crise
sem precedentes dos valores morais, impactam de forma significativa os jovens.
O nível de desemprego, que está em quase oito por
cento entre a população economicamente ativa dos Estados Unidos, afeta
especialmente a juventude, pois segundo um relatório de janeiro do Bureau de
Estatísticas do Trabalho, 21% das pessoas entre 16 e 24 anos não está
trabalhando.
Ao redor de 12% daqueles que concluem seus
estudos universitários não conseguem um emprego fixo depois de terminar o
curso.
Mas para os jovens formados a taxa é mais
alta, conclui um relatório especializado do Fundo Monetário Internacional,
porque muitos deles terminam seus estudos e vão a outros países dar aula de
inglês ou realizar trabalhos de menor envergadura porque não encontram emprego
no país.
Quanto à deserção escolar, só no estado de
Nova York 12% dos estudantes abandonam as escolas secundárias antes de
terminar, o que significa que 20% dos jovens entre 17 e 24 anos estejam fora do
sistema educacional e além disso sem trabalho, afirma um estudo recente da
Unesco.
Segundo um artigo publicado a princípios de
fevereiro no diário USA Today, os jovens estadunidenses vivem hoje em um
ambiente de incerteza e violência pelos efeitos do colapso econômico, as mortes
estadunidenses nas guerras do Oriente Médio e os tiroteios fatais nas escolas.
A atual geração sofre significativamente por
seu papel direto ou indireto nos conflitos internacionais, que provocaram nos
últimos anos mais de seis mil mortos e 50 mil feridos, em particular no Iraque
e no Afeganistão.
Entre outros eventos traumáticos para a
juventude nos últimos anos, o jornal citou os atentados terroristas de 11 de
setembro de 2001, que deixaram três mil mortos, e o furacão Katrina de 2005,
que provocou mais de mil 800 vítimas fatais.
A publicação compara os traumas atuais com as
tensões similares que enfrentaram os jovens estadunidenses nas décadas de 60 e
70 em torno da possibilidade de um holocausto nuclear e sua participação
forçada na guerra de agressão contra o Vietnã.
O massacre em um cinema de Aurora, Colorado,
em julho de 2012, que provocou 12 mortos e 58 feridos; e um crime mais grave em
Newtown, Connecticut, com 26 vítimas
fatais, são alguns dos incidentes que marcam as vidas dos adolescentes
estadunidenses.
As crianças de hoje são mais agressivas como
resultado direto da violência constante observada nas notícias e nos programas
televisivos que mostram pessoas com essas atitudes, indicam especialistas.
Os meios de difusão são uma arma de dois
gumes, porque podem ajudar a aliviar o efeito negativo de acontecimentos
violentos, mas ao mesmo tempo traumatizam crianças e adolescentes que estão
expostos de forma contínua a esses acontecimentos.
O flagelo das drogas é outro mau que corroe os jovens desse país. De acordo com a
Junta Internacional de Fiscalização de Estupefacientes, os Estados Unidos
lideram a lista de nações consumidoras de drogas, com seus cidadãos consumindo
por ano entre 150 e 160 toneladas de cocaína. A Organização Mundial de Saúde
aponta que 41% dos jovens estadunidenses que assistem às escolas secundárias e
47% dos pré-universitários consomem estupefacientes.
Cerca de 17 em cada 100 mil jovens no país são
vítimas de atos violentos causados pelo consumo excessivo de drogas e álcool.
Revelações recentes indicam que nas escolas
militares a situação é preocupante, como na Academia Naval com sede em
Annapolis, estado de Maryland, onde depois de uma investigação de 11 meses, as
autoridades expulsaram 27 cadetes do centro.
Sobre o assunto, o diário Stars and Stripes
informa que os estudantes consomem maconha sintética na escola, cocaína,
mefedrona, mescalina e cogumelos que produzem efeitos psicodélicos.
A mefedrona
é parecida com o êxtase ou com a cocaína e é às vezes vendida como sal
de banho nos Estados Unidos, segundo os pesquisadores, que também identificaram
que mais de 500 alunos do centro utilizavam substâncias deste tipo de uma ou
outra forma.
Alguns estudantes tinham garrafas de
refrigerante com compartimentos secretos onde escondiam suas drogas, e dispunham
de métodos para alterar as provas de urina realizadas periodicamente para
detectar o consumo de drogas.
Tudo isto acontece em uma instituição de
ensino militar fundada em 1845 e considerada uma das mais prestigiosas dos
Estados Unidos.
Por outra parte, os delitos sexuais constituem
outro mau que afeta a juventude estadunidense, e nos últimos meses o assunto
teve um aumento substancial.
Segundo a organização não governamental Rede
contra os Abusos de Gênero (RAG), mais de 200 mil mulheres são estupradas
anualmente nos Estados Unidos, 80% delas têm menos de 30 anos, e uma entre
cinco vítimas são estudantes universitárias.
Os jovens dentro das instituições armadas
sofrem também os efeitos de condutas sexuais indevidas.
Um relatório recente do Pentágono reconhece
que metade das mulheres militares estadunidenses enviadas ao Iraque ou ao
Afeganistão foram vítimas de assédio sexual e 23% delas dizem que foram
estupradas.
Além disso, ao redor de 30 instrutores da Base
Aérea de Lackland, no estado do Texas, foram presos durante uma investigação na
qual 54 mulheres recrutas dessa instalação militar denunciaram ter sido vítimas
de diferentes modalidades de assédio sexual, incluindo o estupro.
Estes e outros males mantêm a juventude em um
estresse constante, pois um estudo publicado no princípio de fevereiro pela
revista Time mostrou que os estadunidenses entre 18 e 33 anos sofrem os níveis
mais altos de tensões emocionais.
Ao redor de 40% deste segmento populacional
reportou que seu nível de estresse aumentou nos últimos 12 meses e que as
causas principais estiveram relacionadas com problemas em seus locais de
trabalho, com dinheiro e a ameaça de desemprego.
O incremento da violência, a incerteza sobre a
economia familiar, o desemprego e as consequências da participação de
Washington em conflitos em outros países é provável que se mantenham no
primeiro plano como causa de frustração entre os jovens estadunidenses no
futuro previsível.
*Jornalista da redação da América do Norte da
Prensa Latina.
Fonte: site Prensa Latina
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