Duas sondas do projeto GRAIL (NASA) para estudo da Lua encerraram a
missão principal e preparam para a missão de continuação – ela partirá no final
de agosto. Os próximos lançamentos para a Lua estão programados para o próximo
ano. Apesar de seus principais objetivos serem científicos, a corrida lunar,
que se desenvolve, possivelmente está relacionada já não apenas com a ciência.
O projeto GRAIL (abreviatura de
Gravity Recovery And Interior Laboratory - Estudo laboratorial da gravitação e
composição interna - lançado em 10 de setembro de 2011) é tecnicamente bastante
complexo. Ele consiste de dois satélites praticamente iguais, que seguem um
após outro, por uma mesma órbita polar baixa, quase circular. O principal
instrumento a bordo é o complexo LGRS (abreviatura de Lunar Gravity Ranging
System - Sistema de avaliação da gravitação lunar) em essência é um conjunto de
transmissores e antenas para enviar e receber sinais, necessário para medir, o
mais exatamente possível, a distância entre as duas sondas. Quando ambas as
sondas, GRAIL-B e GRAIL-A passam sobre territórios lunares com maior ou menor
concentração de massa (e como consequência com maior ou menor força de
gravitação) sua velocidade relativa e disposição mudam. Estas mudanças podem
ser medidas e depois, por elas, restabelecer a forma do campo gravitacional da
Lua. Consegue-se medir a distância entre as sondas GRAIL com exatidão de alguns
microns.
Os dados GRAIL, em combinação com
os mapas topográficos detalhados da Lua e dados da composição da superfície
lunar, devem ajudar a estudar a estrutura interna de nosso satélite e sua
evolução e também como a Lua reage à força de gravidade da Terra.
Além destas tarefas, estritamente
científicas, os dados sobre o campo gravitacional da Lua são necessários para a
exploração de nosso satélite: a ideia de povoação, ou pelo menos de estudo da
Lua pelos homens continua viva. A questão é: quem e para que quer voar para a
Lua.
Em maio do próximo ano a NASA
planeja enviar mais uma sonda à Lua, a missão LADEE (Lunar Atmosphere and Dust
Environment Explorer - Pesquisador da atmosfera lunar e poeira circundante) que
completará a frota de engenhos americanos em torno de nosso satélite (além do
GRAIL, nela entram as sondas ARTEMIS e LRO).
A China tem planos lunares para o
próximo ano, quer lançar à lua a sonda Chang'e 3 com veículo lunar. O projeto
russo Luna-Glob, já dividido em dois lançamentos relativamente independentes de
sondas orbital e de alunissagem, e também o Luna-Ressurs (em conjunto com o
projeto indiano Chandrayaan-2) são para os próximos anos. Por enquanto a Europa
está um pouco atrasada nos planos, que não tem projeto lunar científico
definido, além do anseio geral de expedição pilotada para a Lua.
Pressupõem-se que o período até
2020, será dedicado à pesquisa científica da Lua, depois do qual virão os voos
pilotados ao satélite da Terra e, possivelmente, a construção de base lunar.
Parece que nos tornamos testemunhas da segunda corrida lunar, apesar de menos
encarniçada do que a corrida dos anos 1960. A Lua torna-se novamente arena, não
tanto de luta científica, quanto de choques políticos e até mesmo enfoques
culturais. As potências cósmicas “mais velhas” falam da exploração da Lua com
cuidado e salientam a necessidade de cooperação internacional e também de
elaboração de objetivos a longo prazo de permanência em nosso satélite, os
membros “mais novos” do clube cósmico, antes de mais nada a China e o Irã,
parece que não consideram estas questões primordialmente importantes. Deste
ponto de vista a Lua é interessante já não como objeto de pesquisa científica.
Um dos objetivos da “corrida cósmica” de meados do século passado (além dos militares)
consistia em provar qual sistema – capitalista ou socialista – era mais
eficiente. Em traços fundamentais estas tarefas continuam também no século XXI.
Fonte: Voz da Rússia -Olga Zakutnyaya-
foto EPA-
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