Professores querem novo plano de carreira e melhores condições de
trabalho
Já são 46 universidades (cerca de 80% do
total) e três dos 40 institutos ou centros federais de educação tecnológica
paralisados em todo Brasil há mais de 20 dias, segundo dados do MEC (Ministério
da Educação). Os docentes exigem a reformulação de seu plano de carreira e
melhoria nas condições de trabalho. As negociações, que acontecem desde agosto
do último ano, continuam emperradas mesmo após mais de 20 dias de paralisação.
Na última terça-feira (5),
aconteceu a primeira reunião do Comando Nacional de Greve com representantes do
governo federal. Diretores do ANDES e representantes do Comando Nacional de
Greve dos professores federais foram recebidos pelo Ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, durante a manifestação dos servidores públicos federais na
Esplanada, que reuniu mais de 15 mil servidores. Mercadante informou aos professores
que as negociações continuam e que o Ministério do Planejamento deve se reunir
com as categorias nos próximos dias.
Para Billy Graeff, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro do ANDES (Sindicato Nacional
dos docentes das instituições de ensino superior) a primeira exigência da
categoria é que o plano de carreira seja refeito. “Acontece uma série de
distorções quando um profissional muda de cargo, os valores não mudam em nada
e, além disso, são muito pequeno”, afirma.
Outra forte luta da categoria é
quanto às condições de trabalho. Billy explica que o crescimento das
universidades não foi acompanhado pela reconstrução do corpo de docentes. “Não
podemos permitir que as instituições cresçam e que o quadro de profissionais não
mude. As condições de trabalho são péssimas em quase todas as universidades”.
Embora as negociações por um novo
plano de carreira aconteçam desde agosto de 2011, o governo ainda não
apresentou proposta que atendesse minimamente aos pedidos dos docentes. “O
governo apresentou um projeto que não considerava as nossas necessidades, então
o sindicato considera que não há uma proposta apresentada”, esclarece Grauff.
Para o professor, a postura do governo é considerada “intransigente”.
Segundo Graeff, o diálogo foi
procurado desde o inicio pelo professores, com o governo mantém uma “postura
protelatória” que dificulta um avanço no impasse.
Mais recursos para a educação
federal
Apesar do pouco apelo alcançado
na mídia comercial, o movimento vem recebendo bastante apoio. “Alcançamos um
percentual incrível de adesão à greve. Temos recebido muitos apoios, que chegam
de várias partes do globo. Eles estão sendo muito importantes, principalmente
por conta da greve geral dos servidores que começa no próximo dia 11. Aí
teremos 70 ou 80% das instituições com os três segmentos em greve”, afirma
Graeff.
Segundo carta aberta publicada
pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a instituição presta total apoio à
paralisação dos docentes. “Consideramos imprescindível a implementação do novo
plano de carreira reivindicando pelos professores e pelos
técnico-administrativos, como forma de afirmar seus direitos e, ao mesmo tempo,
assegurar a qualidade do ensino superior público em todo o país”, diz o
documento.
A entidade representante dos
estudantes brasileiros ainda reforça a defesa da ampliação imediata dos
investimentos em assistência estudantil para R$ 1,5 bilhão, contratação de sete
mil novos professores e servidores técnico-administrativos, estabelecimento de
um plano emergencial para conclusão das obras de infra-estrutura nas
universidades e gestão democrática com paridade nas eleições para reitoria e
órgãos de decisão.
Além das reivindicações
imediatas, o sindicato também discute os rumos do Plano Nacional de Educação.
Graeff critica o plano e aponta falhas em planos passados. “Para nós a critica
é por faltar um diagnóstico. É imprescindível resolver os problemas das universidades,
mas sem obter um diagnóstico é impossível. Ela representa um recuo nas metas
para o ensino superior”, enfatiza. “Todas as entidades já avaliaram que os
planos anteriores não deram conta de suas metas principalmente por conta da
falta de verbas”, reforça.
Para a UNE, o momento é perfeito
para discutir o novo Plano Nacional de Educação. “Reafirmamos que este é
momento de ampliação de direitos, com a destinação de 10% do PIB e 50% dos
royalties e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação”, afirma a entidade.
Quanto aos prejuízos sobre o
calendário de aulas, Graeff é claro: “A greve acontece por que não é mais
possível trabalhar na normalidade, não tem como prosseguir com o trabalho e as
aulas”. O professor ainda reitera que a retomada das aulas e a discussão sobre
reposição só serão feitas depois da resolução do impasse.
Fonte: Revista forum
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