Pages

Subscribe:

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A quase um mês professores das Escolas Técnicas Estaduais e Fatecs, de São Paulo, estão em greve! Mídia "limpinha" nada menciona!



‎Os funcionários e professores do Centro Paula Souza (Ceeteps), que mantém as Escolas Técnicas (ETECs) e Faculdades de Tecnologia (FATECs) do estado de São Paulo, estão em greve desde o dia 13 de maio. A greve se mantém ! A lamentável blindagem, promovida pela mídia que não divulga nada sobre o movimento, para não atingir o “ Geraldo” é um verdadeiro espetáculo de parcialidade e ao mesmo tempo um retrato do estado vexatório em que se encontra a "grande" imprensa paulista.


Pelo quadro de adesão recentemente divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ceeteps, o Sinteps, cerca de 80 unidades (entre ETECs e FATECs) estão paralisadas em todo o estado. Segundo o sindicato elas agregam cerca de 60% dos funcionários e professores do Ceeteps. Para obter um quadro detalhado da adesão, consultar o site do Sindicato (www.sinteps.org.br)

Há várias atividades a serem desenvolvidas durante a semana. Confira:

Em reunião nesta segunda-feira, 6/6/2011, o Comando Central de Greve avaliou o movimento e indicou a continuidade da greve. Foram aprovadas algumas atividades para a capital, Baixada Santista e interior nesta semana:

- Quarta-feira, 8/6, 13h, ato público em frente à Câmara Municipal de SP (Viaduto Jacareí, S/N).

- Quarta-feira, 8/6, atos públicos regionais em Mogi das Cruzes, Itanhaém e Carapicuíba.

- Sexta-feira, 10/6, 12 horas, ato público em São Paulo.

- Segunda-feira, 13/6, 14 horas, ato público em Santos.


Ainda teve uma reunião agendada para esta terça-feira


A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de SP agendou uma negociação com o Sinteps para esta terça-feira, dia 7/6, às 17 horas. Vão participar o secretário Paulo Alexandre Barbosa, a superintendente do Centro Paula Souza (Laura Laganá) e representantes do Sindicato.


Na avaliação do Sindicato, o agendamento da negociação é resultado da greve da categoria, que não refluiu nem mesmo diante das ameaças de punição e corte de ponto. Seguem algumas informações abaixo:


Até o momento, a única proposta concreta por parte do governo foi feita na véspera do início da greve, no dia 12 de maio. Naquele dia, o governador Geraldo Alckmin convocou uma coletiva de imprensa para informar a concessão de 11% de reajuste.


Sem reajuste desde 2005, a categoria considerou a proposta absolutamente insuficiente. Atualmente, um professor de ETEC recebe R$ 10,00 por hora-aula; nas FATECs, a hora-aula é de R$ 18,00; o piso dos funcionários está na casa do salário mínimo. Fenômeno, quiçá, pior ou similar a este, se encontram os professores da rede oficial pública do estado.


“Nossas escolas não conseguem contratar novos professores, pois poucos se sujeitam a receber essa miséria”, enfatiza Silvia Elena de Lima, diretora do Sindicato.

As reivindicações

Na Pauta 2011 (confira em www.sinteps.org.br) estão as principais reivindicações da categoria.


A recomposição salarial solicitada é de 58,90% para os docentes e 71,79% para os servidores técnico-administrativos.

Outras reivindicações importantes são o vale transporte para todos, sem limite de vencimentos; o vale alimentação de R$ 20,00 (hoje, este valor é de R$ 4,00!); o estabelecimento de política salarial, entre outros.

Mobilização em todo o estado

Desde o lançamento da greve, já foram realizados três grandes atos públicos unificados na capital, nos dias 13, 20 e 31 de maio. No maior deles, em 20 de maio, cerca de dois mil manifestantes, vindos de todo o estado, fizeram uma passeata pela avenida Paulista, culminando em ato público em frente à Secretaria de Desenvolvimento, na rua Bela Cintra.


Vários atos e passeatas vêm sendo realizados no interior, organizados pelos Comandos Locais de Greve. Lamentavelmente a imprensa, como de costume, pouco tem falado, como já foi mencionado, sobre o assunto. É que a Educação para esses setores não deve ser importante! É isso que eles demonstram com um comportamento vergonhoso, tentando, na maioria das vezes, minimizar tais movimentos e buscando jogar a população contra os profess

Corte de ponto e outras ameaças

Pressionado pela greve, o governo Alckmin está promovendo um festival de ameaças nas escolas. A mais contundente é o anúncio de corte do ponto dos grevistas.


O Sindicato esclareceu a categoria que o direito de greve está previsto na Constituição Federal, embora ainda não tenha sido elaborada lei para regulamentar o direito no serviço público. Em 1989, foi publicada a Lei 7.783/89, que regulamenta a greve na iniciativa privada, mas nunca foi publicada lei para greve da administração publica.


Várias entidades sindicais entraram no Supremo Tribunal Federal com Mandado de Injunção, para forçar o Legislativo a regulamentar a greve na administração pública. O Congresso foi notificado pelo STF e nada fez. Então, o STF resolveu o problema autorizando os servidores públicos a fazerem greve, utilizando como base a lei da iniciativa privada.


No dia 3/6/2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu decisão considerando ilegal o corte de ponto determinado pelo governo baiano, frente à greve das quatro universidades estaduais da Bahia. Com isso, novamente a instância máxima da justiça brasileira reafirma a jurisprudência pelo direito de greve no serviço público e pela ilegalidade do corte de ponto dos grevistas.


O Sindicato ingressou na justiça, pedindo a intervenção judicial para proibir a substituição dos professores e funcionários em greve, bem como para obrigar o Ceeteps a negociar com o Sinteps, e contra o corte de ponto.


Todas estas irregularidades também estão sendo denunciadas ao Ministério Publico Estadual e à OIT – Organização Internacional do Trabalho, para que tomem as providências cabíveis contra o governo paulista do PSDB e o Ceeteps.

Segue abaixo, uma carta de um professor desesperado e preocupado com o futuro da Educação no estado que há décadas é governado pelo PSDB.

Sou professor do Centro Paula Souza (Autarquia do Governo de SP).
Estamos em greve há quase um mês por conta do arrocho salarial ocorrido nos governos do PSDB em SP.

Existem vários motivos para justificar essa greve, mas o objetivo desse contato é tentar apagar esse silêncio da imprensa paulista em relação a este movimento e às Etec’s [Escola Técnica Estadual] de maneira geral.

As propagandas das Etec’s durante esse período de greve foram tiradas do ar, para que a menina dos olhos do governo de SP não fosse maculada com esse movimento. Ao mesmo tempo, inaugurações de escolas deixaram de acontecer, também por conta disso.

O Estadão há algum tempo publicou matérias relatando greve de professores em todo o país e não citou uma linha sobre a greve em SP. Ontem o Jornal Nacional falou de greve de professores no Nordeste e nada daqui de SP. Passam a sensação de que aqui não acontecem greves e que tudo é lindo, como na propaganda.

Um dia antes do movimento acontecer, o governo anunciou um aumento de 11%, que não cobre a inflação de 6 anos sem reajustes e que, na prática, corresponde a um aumento de R$10,00 para R$11,10 na hora-aula no CEETEPS [Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza], já que nós não trabalhamos em jornada, e sim por hora-aula, como o governador tentou esconder.

Seria uma vergonha para ele, Geraldo, anunciar depois de 6 anos um aumento de R$1,10.

O nosso vale-refeição é de R$4,00. O que não paga nem o lanche nas cantinas das Etec’s.

Além de todos esses problemas, tentamos desenvolver um bom trabalho, mas enfrentamos problemas graves de infraestrutura. Escolas com cursos de informática que não possuem computadores e internet, além de problemas com segurança e falta de profissional para lecionar.

Houve a expansão do ensino técnico em SP todo vinculado a “escola-extensões”. Como funciona isso: escolas ociosas no horário noturno são usadas para cursos que não demandem uma aplicação efetiva de recursos em laboratórios de tecnologia.

Basta ter professores que o curso acontece, não existem laboratórios de informática em alguns casos.

Desta forma, o plano de expansão das Etec’s matriculou significativamente mais alunos que nos anos anteriores, mas a evasão nestes cursos, por conta da ausência de professores — e de infraestrutura também — é altíssima. Essa é uma preocupação do CEETEPS, já apresentada em documentos internos.

Para comparação, um professor de Etec em inicio de carreira é remunerado com R$10,00, enquanto um professor do SENAI tem remuneração de R$20,00 a R$25,00, dependendo do curso oferecido.

Enfim, gostaria muito de saber como o Centro Paula Souza vai contratar os professores de audiovisual para a Etec Roberto Marinho, aquela do lado da Globo, pagando R$10,00 a hora-aula, já que o próximo vestibulinho para o curso já está em andamento, para turmas que terão início em julho. A não ser que a Globo ofereça esses professores…

Estamos com déficit de professores em várias áreas e peço que visite várias Etec’s para constatar o que digo.

Em alguns cursos, podemos afirmar que, por conta desses problemas, uma escola de tecnologia está defasada tecnologicamente, uma vez que nós professores, com essa remuneração e esquecidos pelo governo do estado, não temos condições de nos atualizarmos e oferecermos a nossos alunos o que há de ponta em tecnologia.

Professor para esse governo, só para fazer propaganda, o que não faltou no início deste ano e na campanha eleitoral do ano passado.

Para concluir, conto contigo para quebrar o silêncio da mídia em relação a esse movimento.

Obrigado

A.R.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Licença Creative Commons
Este obra foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 2.5 Brasil.