Cerca de 7 mil jovens recebem João Pedro Stedile, do MST, e Beatriz
Cerqueira, da CUT, para fazer análise de conjuntura
Norma Odara Fes Enviada especial a Belo Horizonte (MG), 06 de Setembro de 2016 às 16:37- Brasil de Fato
O segundo dia do 3º Acampamento
Nacional do Levante Popular da Juventude foi marcado por uma análise de
conjuntura para debater com lideranças a respeito da conjuntura política, do
golpe contra a democracia e do papel da juventude em todo este processo.
O evento, que conta com mais de 7
mil jovens de todas as partes dos Brasil, está acontecendo no Estádio do
Mineirinho, na região da Pampulha, em Belo Horizonte (MG).
“Estamos aqui porque somos
juventude da classe trabalhadora. Lutar não é apenas uma escolha. É uma
necessidade, uma questão de sobrevivência”, brada Jessy Dayane, integrante da
direção nacional do Levante Popular da Juventude, que compôs a mesa inicial da
manhã desta terça-feira (6).
Também participou a professora e
presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT Minas),
Beatriz Cerqueira, e o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile.
Eles defenderam o tripé
ideológico do “Fora, Temer”, “Diretas Já” e “Nenhum direito a menos” e
enfatizaram a importância de não abandonar as ruas e de a juventude resistir em
unidade com os trabalhadores e trabalhadoras.
Economia
Stedile elencou fatores que
caracterizam a atual crise econômica, política, social e ambiental pela qual
passa o mundo, e explicou que esses fatores externos influenciaram o golpe no
Brasil.
“O plano da burguesia é simples:
tentar recuperar a taxa de lucro de suas empresas e recompor o ambiente
econômico de acumulação do capital”, explicou. "O golpe é uma estratégia de
apropriação dos nossos recursos naturais, como o pré-sal. Além disso, o golpe
serve para realinhar a economia brasileira aos interesses
norte-americanos" , completou.
Para o dirigente, as saídas da
crise incluem a retirada de direitos da classe trabalhadora. "O programa
do golpe, que é o neoliberalismo, se baseia justamente nos ataques à CLT".
Apesar dos retrocessos que estão prestes a acontecer, ele chama a juventude a
continuar indo às ruas junto aos trabalhadores.
"Quem dorme com o inimigo
amanhece grávido da derrota. Cabe a vocês, jovens, fazer o papel da agitação da
classe trabalhadora, porque só ela pode mudar os rumos do nosso país",
ressalta.
Ele explicou que há um
esgotamento do modelo neodesenvolvimentista vivenciado no Brasil nos últimos 13
anos.
O dirigente, que também é
economista, argumentou que este modelo só funciona durante os períodos em que
há crescimento econômico, já que somos um país da periferia do
capitalismo.
João Pedro falou ainda sobre como
a burguesia se ergueu frente a erros da esquerda, como a conciliação de classes
proposta pelo PT, e sobre a conspiração da direita desde a derrota de Aécio
Neves nas últimas eleições presidenciais, em 2014.
Outro passo importante do golpe,
segundo ele, foi a manobra do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que, após
ter seu mandato cassado, deu início ao processo do impeachment, baseado nas
“pedaladas fiscais”, que não figuram como crime de responsabilidade.
Resistência
Após saudar os participantes e lembrar
da estudante Deborah Fabri, que perdeu a visão do olho esquerdo em uma
manifestação "Fora, Temer" em São Paulo, Beatriz Cerqueira convocou a
juventude a permanecerem nas ruas.
“Não desacampem e não parem de
dizer ‘Fora, Temer’. Não podemos pensar que o golpe só aconteceu em Brasília.
Ele acontece com todos e todas que defendem a emancipação popular”, pediu.
Nessa perspectiva de continuidade
da manifestação conta o golpe, Jessy encorajou a juventude.
“Somos herdeiros e herdeiras de
grandes pessoas como Dandara, Zumbi dos Palmares e Marighella. Somos a
continuidade desse povo que lutou por emancipação. E é essa a responsabilidade
que nós carregamos nos ombros”, disse.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
Fonte: site Brasil de Fato
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