PCO- A nacionalização de quatro filiais de
Iberdrola colocou o setor sob o controle do estado boliviano. Por trás
encontra-se o sucateamento dos serviços públicos privatizados e o aumento do
confronto com as massas populares
No dia 29 de dezembro, o governo
Evo Morales anunciou a nacionalização de quatro filiais da empresa espanhola
Iberdrola - Electropaz, Elfeo de Oruro, Cadeb (Compañía Administradora de
Empresas Bolivia) e Edeser.
O motivo alegado foi que cobravam
mais do dobro nas tarifas dos consumidores das regiões rurais, o que teria
levado à formação de pequenas cooperativas e empresas rurais que funcionavam
precariamente. No mês de maio, o governo tinha nacionalizado a empresa
Transportadora de Electricidad, filial da Red Eléctrica de Espanha.
Por trás da multinacional
espanhola encontram-se grandes capitais financeiros norte-americanos como a
General Electric Capital, Mission Funding, Structure Finance e o Banco
Santander, este último propriedade da família real britânica que o controla por
meio do Grupo Alpha.
Agora, todos os serviços de
energia elétrica serão controlados pelo estado, mediante a Empresa Nacional de
Eletricidade, desde a geração até a distribuição. O governo pretende reduzir as
tarifas pela metade.
Também foram nacionalizadas aproximadamente
15 empresas dos setores de hidrocarbonetos, cimento e minas desde 2006, que
tinham sido entregues aos capitalistas em processos altamente fraudulentos
durante o auge do neoliberalismo na década de 1990. No caso de Iberdrola, a
novidade é que a nacionalização aconteceu numa empresa que nunca tinha sido
estatal.
O que impulsionou a
nacionalização de Iberdrola?
A pressão dos movimentos
populares também tem aumentado sobre os governos nacionalistas. O governo Evo
Morales enfrentou os protestos dos profissionais da saúde contra a tentativa de
aumentar os salários por baixo da inflação e incrementar a carga horária dos
médicos e enfermeiros. O enfrentamento com os trabalhadores mineiros e a
negativa de nacionalizar a mina de Colquiri enfraqueceu o controle da COB
(Central Obrera Boliviana) e dos sindicatos. O enfrentamento com os indígenas
também ficou evidente em vários episódios, a começar pelo de Tipnis quando se
opuseram à construção de um rodovia que passaria pelo Parque.
Apesar do governo ter declarado
que indenizará Iberdrola pelo “valor justo”, a nacionalização voltou a expor o
sucateamento dos serviços públicos pelas multinacionais que os passaram a
operar. A partir da segunda metade de 2011, a Espanha ficou no centro do
aprofundamento da crise capitalista na Europa. As empresas com matrizes no País
e filiais na América Latina passaram a sucatear abertamente os serviços
prestados e a remeter um volume de recursos maiores para cobrirem os rombos.
Isto também ficou evidente no caso da privatização da Repsol pelo governo de
Cristina Kirchner na Argentina.
O nacionalismo burguês
latino-americano se encontra em decadência, impulsionada pela perda da base
material do controle das massas devido ao aprofundamento da crise capitalista.
Fonte: site PCO
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