Foto: Divulgação / Divulgação
Claudio Vallejos, conhecido como El Gordo.
A Polícia Federal de Santa Catarina está em busca de informações sobre o pedido de extradição de Claudio Vallejos, 53 anos, acusado de ser ex-torturador durante o regime militar da Argentina, na década de 1970. Ele está preso no Oeste de Santa Catarina, por crime de estelionato.
Mesmo preso desde 4 de janeiro, a fama sobre um dos 230 presos do Presídio de Xanxerê, no Oeste de Santa Catarina, só chegou nos últimos dias. Assassino confesso, Vallejos, conhecido como El Gordo, foi preso ao tentar aplicar um golpe na região, conforme divulgou o jornalista Rafael Martini no Blog Visor. No entanto, é a ficha criminal vinda da Argentina que chama mais atenção das autoridades policiais.
Integrante do temido Serviço de Informação Naval da Marinha Argentina nos anos de chumbo, na década de 1970, vallejos está em uma cela comum, aguardando ser citado para uma audiência que vai julgar o crime de estelionato pelo qual é acusado.
O clima não mudou desde que a notícia chegou na direção do presídio. Pelo menos é o que garante o gerente Luiz Brandielli. A única diferença que ele notou foi a procura por agências de notícias nacionais de informações sobre a prisão.
— Ele ainda não sabe que a informação de que se trata de um homem procurado por polícias internacionais e com longa ficha criminal chegou até a direção — revela o gerente.
O delegado da Polícia Federal Ildo Rosa explica que está sendo feito um levantamento no banco de dados para saber se há um pedido de extradição por parte da Argentina. Se houver, a ficha de Vallejos estará com a cor vermelha no sistema da Interpol, a polícia internacional.
Caso este pedido exista, o procedimento administrativo pode ser demorado por conta do rito a ser seguido. A PF precisa informar o Supremo Tribunal Federal (STF), que pedirá para que El Gordo permaneça preso de forma administrativa e à disposição da justiça brasileira.
Neste período, o governo argentino é notificado da prisão para que formalize o pedido de extradição. Rosa estima que este processo dure aproximadamente um mês em função da notoriedade do caso. Enquanto isso, Vallejos permanece cumprindo a detenção no presídio apenas pelo crime de estelionato.
De acordo com Brandielli, o argentino apresentou uma carteira de identidade brasileira. Ele foi preso porque se apresentava como jornalista e vendia anúncios para revistas que nunca eram publicados.
Nos registros policiais, constam três endereços diferentes: Chapecó, Bom Jesus e São Miguel do Oeste, todas cidades no Oeste e Extremo-Oeste de Santa Catarina. Vallejos já foi preso outras vezes pelo mesmo crime, a mais recente foi em 2010, em Campo Erê.
Demora sem explicação
Ainda não há explicação sobre a demora para que toda a rede policial soubesse que o preso é Vallejos. O delegado da Polícia Federal Ildo Rosa explica que está sendo feito um esforço de todas as partes para agilizar essa conexão.
— Também temos dificuldades para agilizar o processo em casos de estrangeiros, muito mais pelo lado argentino. Para facilitar isto, estamos nos esforçando para termos a presença de policiais da Argentina por aqui, durante a temporada — pontua.
Quem é Vallejos
Em 1986, durante entrevista à revista Senhor (nº 270), Vallejos, admitiu ter participado como motorista da prisão do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Junior.
Conhecido como "Tenorinho", o músico tocava com Vinícius de Moraes em Buenos Aires, na Argentina, em 1976, quando desaparceu misteriosamente quando saiu para comprar cigarros. Seu corpo nunca foi encontrado.
Ele ainda é acusado de ter participado da morte e tortura de civis durante a ditadura militar argentina.
Fonte :DIÁRIO CATARINENSE- Danilo Duarte
Nenhum comentário:
Postar um comentário